Como envelhecer com saúde?
- Redação Saúde Minuto
- 13/10/2022
- Nefrologia Video
O envelhecimento é inevitável! À medida que vamos envelhecendo, os problemas de saúde costumam dar as caras. Por isso, investir na saúde é fundamental. Para falar sobre esse assunto, o Saúde Minuto recebe a Nefrologista e Especialista em Medicina do Estilo de Vida, Dra. Luciana Alves.
P) Raquel Rojas
“ A gente sabe envelhecer ou não? “
R )Dra. Luciana Alves
“Temos que aprender, na verdade hoje a gente tem uma expectativa de vida maior, cada vez mais, não só no Brasi, como em todo mundo e o importante é aprender envelhecer com saúde. Não adianta a gente ficar mais velho e nos tornarmos dependentes. O importante é ter autonomia e ter qualidade de vida na velhice.
P)Raquel Rojas
“E cuidar também doutora dos quatro pilares que são extremamente importantes, que é o nosso lado físico, o mental, o espiritual e também o social. Falando da parte física, doutora, o checkup podemos dizer que é uma forma de mapear, nós precisamos fazer um checkup anualmente, eu gostaria que você comentasse sobre isso.
R) Dra. Natalia Sartoretto
“Sim, principalmente a partir dos trinta anos é indicado fazer checkup uma vez por ano, claro que eu falo pros meus pacientes isso a gente faz um checape uma vez por ano e isso é o básico pra quem não tem doença nenhuma, se não, você vai seguindo orientação do médico pra ver os retornos. E aí a gente faz vários exames físicos, hoje em dia a gente consegue no checkup também incluir vacinação, ver o que o que é de vacina porque algumas vacinas não existiam antes quando nós éramos crianças. Então dá, tem vacina específica pra idoso. Então tudo isso é prevenção também, eajuda no envelhecimento com saúde.
P) Raquel Rojas
“Nós sabemos também doutora que nós vamos pagar um preço lá na frente, por tudo que fizemos no passado. Como que a gente deve evitar? O que a gente deve evitar pra ter uma velhice mais saudável? Por exemplo, alguns hábitos que a gente deve retirar no nosso dia a dia?
R) Dra. Natália Sartoretto
”Evitar cigarro, não fumar nada, porque agora está na moda o cigarro eletrônico.”
P) Raquel Rojas?
“Gostaria até que você aproveitasse e comentasse porque se fala muito do cigarro convencional, mas o cigarro eletrônico é extremamente nocivo. Eu gostaria que você explicasse pra gente porque ele é tão nocivo assim e principalmente pros jovens”
R) Dra. Natália Sartoretto
“Ele é tão nocivo quanto o cigarro convencional e ele engana, porque ele tem sabor, então dá pra escolher sabor chocolate, ele tem uma pegada até de adolescente, porque tem desenhinho, não sobra bituca pra jogar fora, então acaba tendo uma coisa mais moderna, sabe? Que acaba encantando o adolescente e enganando que aquilo não é um cigarro mas é um cigarro.”
P) Raquel Rojas
“A gente sabe também que o consumo excessivo de álcool traz muitos danos à saúde. Eu gostaria que você falasse sobre isso pra gente.”
R) Dra. Luciana Alves
“O consumo de álcool moderado, em eventos sociais, ainda é aceitável. mas claro se não tiver nada de álcool melhor ou quanto menos possível. Sempre bebeu-se muito, não é uma coisa de agora. O que a gente tem de novidade é que eles estão bebendo cada vez mais jovens e cada vez mais as meninas. Então existia uma coisa um pouco machista, que os homens bebiam mais, os meninos começavam antes. E a mulher tem uma tolerância menor a quantidade de álcool também.”
P) Raquel Rojas
“ Eu quero também abordar com você outro assunto que é a obesidade. A gente sabe que a obesidade é uma doença crônica e o mundo está cada vez mais obeso. Quais são os riscos dessa obesidade e de todos os fatores de risco que acompanham essa doença?”
R) Dra. Luciana Alves
“Então a obesidade é isso, acho que é importante dizer que é uma doença crônica porque hoje em dia, às vezes a gente tem até medo, de falar sobre a obesidade na mídia e ser mal interpretado, porque não é ter o preconceito contra a pessoa obesa, é a questão de saúde. Junto com a obesidade vem outras coisas, o sedentarismo, problemas articulares, a pessoa fica mais parada ainda, e principalmente os jovens vai pra história do videogame, das telas e aí fica mais dependente de tela, fica mais estressado, então é uma coisa que vai levando a outra. Além de todos os riscos físicos, aumento da pressão, do colesterol, da glicemia. Ela vem em um pacote, e emagrecer só tem benefício.”
P) Raquel Rojas
“Eu gostaria de aproveitar dois ganchos que você acabou de mencionar, o sedentarismo. Estamos mais sedentários, menos sedentários por conta dessas tecnologias que estão ao nosso alcance ou não doutora?”
R) Dra. Luciana Alves
“Estamos muito mais sedentários, já começou tempo atrás com a história de caminhar mesmo, principalmente quem vive em grandes cidades. A gente acaba usando muito outros meios de transporte, acaba andando menos e junto com isso as tecnologias, todo mundo agora também as pessoas trabalhando de casa, então a pessoa não tem o trabalho nem de andar até o estacionamento, fica ali sentado em casa o dia inteiro no computador, isso é muito comum e os jovens imitam também. Enquanto os pais tão lá no computador, eles tão no videogame.”
P) Raquel Rojas
“Existe uma recomendação quantas horas por semana devemos fazer de exercício físico? Que tipo de exercício físico? tem que ser aeróbico? Eu gostaria que você explicasse um pouco pra gente.”
R) Dra. Luciana Alves
“Existe, a recomendação principal pra adultos são 150 minutos por semana de exercício moderado a intenso. Então seria por exemplo, de segunda a sexta 30h por dia, não é muito se você pensar desse jeito. O que é um exercício moderado? É um exercício que você consegue falar, mas não consegue cantar, por exemplo. Porque senão a gente vai medir frequência cardíaca é mais difícil, e o exercício intenso você não consegue nem falar. Então tem que ser de moderado a intenso, mas o mais importante de tudo é estar em movimento. Então a gente fala assim, não precisa necessariamente fazer uma atividade física, um esporte, precisa ser ativo e qualquer movimento importa, então assim, é muito mais importante você falar, só posso uma vez na semana, faz uma vez na semana, é melhor que zero, e todos os estudos mostram isso. E vai aumentando conforme conseguir. Pode ser caminhar, pode ser fazer jardinagem, pode ser fazer uma faxina na casa. É muito mais importante você estar em movimento do que necessariamente fazer uma atividade física, estando em movimento já está contando”.
P) Raquel Rojas
“Doutora, a gente é realmente aquilo que a gente come?”
R) Dra. Luciana Alves
Somos com certeza. Eu gosto sempre de falar que as pessoas tem a preocupação do que cortar da alimentação. Não que isso realmente não seja importante, pra gente diminuir gorduras e açúcares por conta de glicemia, de colesterol, de obesidade, tudo. Mas também é importante a gente ter em mente de absorver os nutrientes e as vitaminas importantes. Então, comer mais alimentos in natura, que trazem todo esse benefício também, eu acho que a gente tem que controlar. Então, a gente fala, priorize os alimentos em natura. Então, você pode comer processado, pode comer ultraprocessado, mas é aquela coisa mais eventual, quantidade menor, não é pra ser a sua comida principal.
P) Raquel Rojas
“Você falou agora da absorção dos nutrientes e tudo mais. Com o envelhecimento a gente sabe que essa absorção diminui. Eu gostaria que você falasse um pouco mais sobre essa reposição toda de vitaminas e se isso é necessário ou não é. Quando a gente deve começar a fazer.”
R) Dra. Luciana Alves
“Quem come bem não precisa repor, normalmente se você tem uma alimentação variada não precisa de reposição de vitamina. E a gente tem que colher exames, as pessoas fazem isso muito empiricamente como uma tabela geral, tal idade, uma coisa geral pra todo mundo e não é isso, as pessoas são individualizadas, tem as doenças, os remédios que elas tomam, a genética dela, tudo tem que ser individualizado.”
P) Raquel Rojas
“A gente vive também uma ditadura da beleza, da estética, a gente sabe que é muito comum as pessoas buscarem os corpos perfeitos e pra isso fazerem determinadas loucuras, tomando emagrecedores ou então suplementos, uns querem emagrecer, outros querem ganhar mais massa muscular, isso também prejudica muito. Você é nefrologista, eu gostaria que você falasse especificamente dos efeitos que tanto os emagrecedores causam, como também os suplementos, que é um grande um grande risco.”
R) Dra. Luciana Alves
“Eu faço muito clínica geral também, então eu acabo vendo um pouco de tudo mas principalmente como neurologista, eu já tive muito paciente por de suplemento, por conta de hormônio que desenvolveu insuficiência renal e que não tinha. Então, uma pessoa que não tem uma doença renal de base, mas acaba tendo um problema por conta de suplementação exagerada. O importante mesmo é ir consultar o médico e focar na saúde, não tanto na estética, porque às vezes a pessoa com essa ânsia de querer ficar maravilhosa. acaba exagerando.”
P) Raquel Rojas
“E não adianta a gente cuidar só da nossa parte externa, a gente tem que cuidar também da nossa parte emocional, da nossa saúde mental também. O estresse, doutora, a gente sabe que realmente faz a gente envelhecer, traz uma série de quadros aí clínicos digamos assim, desnecessários ou nada positivos. Gostaria que você falasse dos fatores do estresse pro nosso organismo.”
R) Dra. Luciana Alves
“Vou tentar explicar de uma maneira mais simples, ele funciona quando chega ali um estímulo, ele funciona como luto fuga. Então você vai entender como o aumento das cavernas, ou você vai ter que lutar contra aquilo ou você vai fugir. Então o que acontece? Dilata a pupila, pra você enxergar melhor, acelera o coração, então toda a liberação de hormônio faz isso, vai mais sangue pros músculos, pra você correr, pra você fugir ou pra você lutar. O stress é aquela parte emocional que a gente sente acaba resultando em uma coisa física. Então não é necessariamente você está no trânsito por exemplo. Você não precisa lutar ou fugir. Aquele estresse é o que seu corpo entende desse jeito. Então, aquele estresse que você sentiu, aquilo reflete em todo o seu corpo. Então, é pra é muito importante a gente aprender a ter esse manejo, né, de o que vale a pena ou não se estressar, porque isso vai refletir no seu corpo.
A gente acaba despontando pra ansiedade ou pra depressão, sendo que o Brasil é o país mais ansioso do mundo. O Brasil tem o primeiro lugar em ansiedade. Então, não é um motivo pra gente se orgulhar”
P) Raquel Rojas
“Doutora, falando em ansiedade, como a gente deve driblar, se é que existe algumas formas pra que isso aconteça a ansiedade?”
R) Dra. Luciana Alves
“Na verdade você precisa ter metas, como tudo, se organizar, se programar, não é uma coisa que você decide assim, não quero ser ansioso, não vou ser. Então, fazer exercícios de respiração, fazer uma meditação, que as pessoas falam que está na moda a meditação, mas não é que está na moda, tem muita comprovação científica, porque existe uma cultura milenar por trás disso. Então, a gente consegue e gente acaba incentivando bastante por isso. ioga, coisas pra te dar prazer, uma leitura, música, dança, pintura, tem inúmeras coisas e a pessoa tem que descobrir o que serve pra ela, porque é muito individual isso. Isso, porque assim, nós somos um só, né? Não dá pra gente, a gente fala em saúde física e saúde mental. Então é importante o equilíbrio, eu acho que assim se eu tivesse que escolher uma palavra, é equilíbrio e regularidade. Porque também não adianta você fazer hoje e não fazer amanhã. Então precisa ser uma coisa crônica, trabalhada, construída. E sem aquela obrigatoriedade, aquela pressão, porque a gente acaba se cobrando muito.”
P) Raquel Rojas:
“É um desafio mudar hábito, né?”
R) Dra. Luciana Alves
É muito difícil. Então, assim, mudar um hábito por vez, a gente nunca muda mais de um hábito por vez, é trabalhar um por vez e mesmo assim um degrau de cada vez em pequenas metas e um alerta pra, eu acho pra quem tem filhos, é a gente tentar já criar hábitos saudáveis nessas crianças, hoje em dia a gente tem esse conceito que não tinha quando a gente era criança. Então, o que é importante? É tão difícil mudar hábito, e a gente agora tem que mudar os nossos hábitos. Então, importante trabalhar essas crianças pra eles já terem bons hábitos e não precisarem mudar no futuro.
P) Raquel Rojas
“Se você tivesse que dar cinco dicas pra envelhecer de uma forma saudável. Quais seriam essas cinco dicas?”
R) Dra. Luciana Alves
“A primeira é fazer atividade física, sem dúvida. O que mais tem comprovação científica, todo mundo sabe que precisa. Se organizar, eu acho que pra maioria das pessoas que eu vejo assim nos meus pacientes, falta é organização, priorizar. Então, acho que fazer atividade física. Outra, trabalhar a mente mesmo. ter um tempo pra você, pensar em alguma coisa, fazer uma meditação, exercício de respiração, alguma coisa pra que você aprenda a se tranquilizar. Terceira, qualidade do sono, a gente valoriza pouco, eu falo para meus pacientes quantas vezes foi ao médico e ele perguntou se você tava dormindo bem? Então é tão importante mas na medicina convencional não tinha esse valor. Dormir bem, comer bem, de maneira mais saudável e ter relacionamento saudáveis.”
P) Raquel Rojas
“Doutora, e pra gente encerrar, como os hábitos influenciam diretamente no envelhecimento?”
R) Dra. Luciana Alves
“A gente sabe que todos os maus hábitos influenciam no envelhecimento. A gente pega pessoas às vezes da mesma idade que só pela aparência você já percebe uma diferença da pessoa que é saudável, e não é saudável, o legal, uma coisa que eu gosto muito, é um tema que eu gosto de abordar, é sobre os telômeros, não sei se a maioria já ouviu falar, os nossos cromossomos, então você imagina o cromossomo com, como aquele X, A pontinha dele tem os telômeros e esse telômero encurta com o envelhecimento. Então o envelhecimento. E descobriu-se que os maus hábitos fazem a velocidade desse encurtamento ser mais rápida. A maior novidade, é que você consegue aumentar um pouco esses telômeros melhorando os seus hábitos.”
Raquel Rojas:
“Muito obrigada pela entrevista, por todos os esclarecimentos, por todas as dicas. Com certeza você voltará ao Saúde Minuto para um outro bate-papo pra falar sobre como envelhecer melhor, como ter mais qualidade de vida. Muito obrigada!”
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