Já viveu isso antes? O que explica a estranha sensação do déjà-vu
- Redação Saúde Minuto
- 06/08/2025
- Bem-estar Curiosidades Saúde
Você está em um lugar pela primeira vez, mas tudo parece familiar. A conversa, a cena, até o cheiro do ambiente dão aquela impressão estranha de “já vivi isso antes”. Essa experiência tem nome: déjà-vu, expressão francesa que significa exatamente isso “já visto”.
Mas o que está por trás dessa sensação tão comum? Segundo o neurologista Dr. Eduardo Estephan, do Hospital de Base de São José do Rio Preto e também do Hospital Sírio-Libanês, o déjà-vu é um fenômeno natural que, na maioria dos casos, não indica nenhuma doença.
“Pessoas saudáveis, sem nenhuma condição neurológica, podem experimentar déjà-vu”, explica o médico.
Estudos indicam que cerca de 97% dos adultos já passaram por essa experiência ao menos uma vez na vida. E 68% relatam que ela ocorre com frequência.
Como o cérebro interpreta essa sensação?
De acordo com o Dr. Estephan, o déjà-vu está relacionado a uma área específica do cérebro: o lobo temporal. Essa região é responsável por reconhecer rostos, lugares e outras informações familiares. Uma das principais teorias é que, por alguma razão ainda não totalmente explicada, essa área é ativada de forma errada, criando uma falsa sensação de familiaridade.
“Você tem a impressão de que já viveu aquilo, mas sem ter uma memória real do ocorrido. É como se o cérebro dissesse: ‘isso já aconteceu’, quando na verdade não aconteceu”, explica.
Essa sensação pode causar certo desconforto justamente por parecer fora de lugar. O cérebro acredita que há familiaridade, mas a memória real não acompanha essa impressão.
Quando o déjà-vu pode ser sinal de alerta?
Apesar de ser comum em pessoas saudáveis, o déjà-vu pode, em alguns casos, estar ligado a condições neurológicas. A epilepsia é a principal delas, especialmente quando a origem das crises está no lobo temporal a mesma área envolvida na sensação de familiaridade.
“Algumas doenças, como epilepsia ou transtornos psiquiátricos, podem ter o déjà-vu como um sintoma”, afirma o neurologista. Além disso, o fenômeno também pode estar presente em momentos de ansiedade intensa ou episódios de despersonalização — quando a pessoa sente como se estivesse fora de si ou observando a própria vida de longe.
Um fenômeno ainda misterioso
Mesmo com tantos estudos e teorias, o déjà-vu ainda guarda mistérios. “É um mecanismo neurológico não totalmente comprovado”, resume Dr. Estephan. O que se sabe é que ele está ligado à forma como o cérebro processa as informações e ativa memórias — mesmo quando elas, na prática, nunca existiram.
Existe tratamento?
Não há tratamento específico para o déjà-vu, já que, em geral, ele não representa um problema de saúde. No entanto, se for algo frequente e prolongado, é importante buscar avaliação médica, principalmente se vier acompanhado de outros sintomas neurológicos, como apagões de memória, convulsões ou confusão mental.