Alzheimer: os primeiros sinais e como chegar ao diagnóstico precoce
- Rafaela Navarro
- 22/09/2025
- Bem-estar Geriatria Neurologia Saúde
A Doença de Alzheimer, forma mais comum de demência, ainda gera muitas dúvidas entre familiares e cuidadores. Embora a perda de memória seja o sintoma mais conhecido, especialistas alertam que os sinais de alerta vão muito além do esquecimento.
“É muito importante termos em mente que a Doença de Alzheimer vai muito além de simples esquecimentos”, afirma a médica geriatra Dra. Polianna Souza, cofundadora do canal Longidade.
Sintomas que vão além da perda de memória
Segundo ela, os familiares devem observar um conjunto de mudanças no comportamento e nas habilidades cognitivas da pessoa, como dificuldade para planejar tarefas simples, desorientação no tempo e espaço, alterações de linguagem, decisões inadequadas e até mudanças de humor e personalidade.
Esquecimentos normais x sinais de alerta
A dúvida mais comum, segundo a especialista, é como diferenciar esquecimentos normais do envelhecimento de sintomas preocupantes. “O envelhecimento normal pode trazer lapsos de memória ocasionais, mas que não atrapalham o dia a dia. Já na Doença de Alzheimer, os esquecimentos são progressivos e incapacitantes”, explica.
O diagnóstico da doença é complexo e não depende de um único exame. Ele envolve avaliação clínica detalhada, testes neuropsicológicos, exames laboratoriais para descartar outras causas, além de neuroimagem e análises de biomarcadores, como a detecção das proteínas beta-amiloide e tau, características da doença. “Esses exames ajudam a excluir outras condições e, quando associados, aumentam a precisão do diagnóstico”, diz Dra. Polianna.
Importância do diagnóstico precoce
Apesar de não haver cura, chegar precocemente ao diagnóstico pode fazer diferença. “Um diagnóstico antecipado oferece benefícios como acesso mais precoce aos medicamentos disponíveis hoje e a terapias inovadoras, que tendem a funcionar melhor nas fases iniciais. Além disso, permite que o paciente participe do planejamento de sua própria vida e que intervenções não farmacológicas, como terapia ocupacional, atividade física e estimulação cognitiva, sejam introduzidas mais cedo”, destaca a geriatra.
A prevenção também tem papel importante. Estudos indicam que cerca de 40% dos casos de demência poderiam ser evitados ou retardados com o controle de fatores de risco como hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, sedentarismo, depressão e isolamento social. “Atuar nesses fatores é fundamental. O estilo de vida saudável é uma das ferramentas mais poderosas que temos hoje contra o Alzheimer”, ressalta a médica.
Quando procurar ajuda?
Para as famílias que já percebem sinais de alerta, a recomendação é buscar ajuda médica o quanto antes. “Não ignore e não espere. Na dúvida, procure um profissional de saúde, preferencialmente o geriatra ou o neurologista. A incerteza gera angústia e pode atrasar o diagnóstico e as intervenções terapêuticas”, orienta Dra. Polianna.
Ela reforça ainda a importância da rede de apoio: “Independentemente do diagnóstico, o processo pode ser desafiador. Associações como a ABRAz oferecem grupos de apoio e orientação para familiares, que podem fazer toda a diferença no cuidado”.