Como o mergulho profundo constante pode afetar o cérebro?
- Rafaela Navarro
- 17/01/2025
- Saúde
Neurologista explica os possíveis riscos do mergulho com cilindro
Mergulhar é uma atividade que pode ser muito divertida e enriquecedora, mas quais são os possíveis riscos? Segundo o Dr. José Antonio Fiorot Júnior, neurologista, inclui embolia gasosa, hiper toxicidade por oxigênio e descompressão inadequada no processo de mergulho. Esses fatores podem levar a danos neurológicos, comprometendo a função cerebral e causando sintomas variados, até mesmo causar doenças graves como um AVC.
A toxicidade do oxigênio ocorre quando os mergulhadores usam concentrações inadequadas de oxigênio durante os mergulhos em profundidades maiores.
“Os sintomas incluem formigamento, convulsões focais (como tremor facial, labial ou dos membros de um lado), vertigens, náusea, vômitos e visão limitada. É normal que ocorra afogamento em cerca de 10% das pessoas que têm convulsões ou desmaios.” Explica o Dr.
A embolia gasosa ocorre quando bolhas de gás se formam no sangue, geralmente devido à descompressão inadequadamente rápida. Essas bolhas podem obstruir os vasos sanguíneos, incluindo aqueles que irrigam o cérebro, resultando em isquemia cerebral (AVC isquêmico).
Ao mergulhar, a pressão da água aumenta conforme o mergulhador desce, o que exige a respiração de ar comprimido ou outras misturas gasosas para permitir a expansão dos pulmões. A maior pressão em profundidade faz com que o corpo absorva uma quantidade maior de nitrogênio. A quantidade de gás absorvido depende da profundidade e da duração do mergulho. Esse processo continua até que o corpo atinja um novo equilíbrio com o ar respirado. Em alguns casos, podem ser necessárias várias horas ou até dias para que os tecidos fiquem completamente saturados com o nitrogênio.
Ao iniciar a subida, a situação se inverte: a pressão ambiente diminui, assim como a pressão do ar respirado. Esse alívio de pressão cria um desequilíbrio, onde o nitrogênio dissolvido nos tecidos passa a estar em maior pressão do que o ar nos pulmões. Nessa fase, o nitrogênio começa a ser eliminado dos tecidos e expelido pela respiração. Se a quantidade de nitrogênio acumulada for muito alta ou se a subida acontecer de forma rápida, o gás pode não ser eliminado com eficiência. Nesses casos, o nitrogênio pode formar bolhas nos tecidos e na corrente sanguínea, devido às diferenças de gradiente de pressão e solubilidade. Essas bolhas são responsáveis pelos sintomas e complicações da doença descompressiva.
O Dr. Fiorot Júnior afirma que durante o mergulho, devido a variação de profundidade, as mudanças rápidas de pressão podem afetar a solubilidade dos gases no sangue e nos tecidos. A subida rápida das profundezas pode causar a formação de bolhas de gás, que podem interferir na circulação sanguínea e na função neural, levando a sintomas neurológicos.
Os sintomas podem incluir fadiga e dor nos músculos e articulações. Nos casos mais graves, os sintomas podem ser semelhantes aos do acidente vascular cerebral ou podem incluir dormência, formigamento, fraqueza no braço ou perna, instabilidade, vertigem (tontura), dificuldade respiratória e dor no peito.
O neurologista indica os grupos mais propensos a sofrer lesões cerebrais, sendo eles:
- Obesidade
- Iniciantes que não tem a própria instrução
- Privação de sono
- Idade avançada
- Tabagismo
- Doenças cardíacas prévias
- Doenças respiratórias prévia
DICA QUE SALVA VIDAS = Se você ou alguém que você conhece está considerando mergulhar, é sempre importante seguir as diretrizes de segurança e consultar profissionais qualificados.
Profissional consultado: Dr. José Antonio Fiorot Júnior, neurologista, coordenador do Serviço de AVC do Hospital Meridional Cariacica, unidade da Rede Kora Saúde.
Texto por: Rafaela Navarro