Como prevenir e tratar a trombose em todas as idades

Trombose é uma ameaça silenciosa que requer atenção e prevenção constante

Neste domingo (13), é celebrado o Dia Internacional de Combate à Trombose em homenagem ao nascimento do médico alemão Rudolf Ludwig Carl Virchow, em 1821. O Dr. Virchow foi o pesquisador responsável por desenvolver o conceito de trombose, contribuindo significativamente para a compreensão desse fenômeno. A trombose venosa é responsável por uma em cada quatro mortes em todo o mundo.

A trombose é a formação de coágulos sanguíneos dentro dos vasos, sendo as veias das pernas o local mais comum de ocorrência. Existem dois problemas principais associados à trombose:

1. O coágulo impede o fluxo sanguíneo na veia afetada, causando inchaço, dor intensa e coloração arroxeada na região.
2. O coágulo pode se deslocar para os pulmões, resultando em uma embolia pulmonar, uma condição potencialmente fatal.

Grupos de risco para a trombose

Pacientes com câncer estão entre os mais suscetíveis ao desenvolvimento de trombose. Além disso, condições hereditárias, conhecidas como trombofilias, são fatores de risco, especialmente em crianças, adultos jovens e pessoas com histórico familiar de trombose. Outros fatores de risco incluem obesidade, idade avançada, pós-operatórios de cirurgias de grande porte, sedentarismo, trauma, uso de cateteres, gestação, tabagismo, uso de hormônios (anticoncepcionais e reposição hormonal), doenças renais, doenças intestinais inflamatórias, uso de testosterona, anabolizantes, entre outros.

Prevenção

A prevenção da trombose envolve a adoção de um estilo de vida saudável, com controle de peso e prática regular de atividades físicas. Indivíduos com predisposição genética ou outros fatores de risco devem redobrar os cuidados em situações de maior vulnerabilidade, como viagens longas ou cirurgias extensas. Nesses casos, o uso de meias elásticas e medicamentos anticoagulantes pode ser indicado.

Diagnóstico

Embora o exame físico seja altamente sugestivo, o diagnóstico definitivo de trombose é feito por meio do ultrassom Doppler, que permite avaliar se a veia está obstruída e o fluxo sanguíneo interrompido. Em casos mais complexos, como trombose de veias abdominais ou torácicas, ou suspeita de embolia pulmonar, a tomografia é um exame complementar útil.

Tratamento

O tratamento padrão da trombose envolve o uso de anticoagulantes, inicialmente administrados por injeções, seguidos de comprimidos. Esses medicamentos impedem o crescimento do coágulo e sua migração para os pulmões. O próprio corpo é capaz de dissolver o trombo entre três e seis meses. Em casos mais graves, é possível recorrer à aspiração do trombo por cateterismo, procedimento realizado principalmente em casos de embolia pulmonar severa.

Tratamento domiciliar

Em situações menos graves, como tromboses de veias pequenas e com baixo risco de complicações, o tratamento pode ser realizado em casa. No entanto, o acompanhamento médico contínuo e consultas regulares são essenciais para garantir a segurança do paciente.

Cuidados pós-tratamento

As sequelas da trombose, conhecidas como síndrome pós-trombótica, podem incluir inchaço persistente, escurecimento da pele e, em casos mais graves, úlceras nas pernas. Para minimizar esses efeitos, os pacientes devem usar meias elásticas e seguir rigorosamente o uso de anticoagulantes. A prática de atividades físicas leves, como caminhadas, também é recomendada, já que estudos comprovam que o movimento precoce auxilia na recuperação.

Trombose em diferentes idades

Embora seja mais comum em idosos, a trombose pode ocorrer em qualquer faixa etária, inclusive em crianças, especialmente aquelas submetidas a cateterização ou com trombofilias.

O que fazer em caso de suspeita?

Diante de inchaço e dor súbita em uma das pernas, especialmente após viagens longas, cirurgias, retirada de gesso ou durante o tratamento de câncer, é fundamental procurar atendimento médico imediatamente. O diagnóstico precoce reduz significativamente o risco de complicações graves.

Texto por: Dr. Rodrigo Bruno Biagioni, médico-cirurgião vascular e endovascular e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Vascular (SBACV).