Realizada 1ª fundoplicatura endoscópica no Brasil
- Redação Saúde Minuto
- 10/05/2021
- Eduardo Grecco Gastroenterologia Saúde
O procedimento traz resultados efetivos já no primeiro mês do pós-cirúrgico
Uma recuperação rápida e com resultados 100% efetivos. É o que destaca o médico intervencionista Diogo Santos, de 37 anos, que foi o primeiro paciente na América Latina a ser submetido à fundoplicatura endoscópica, com uso do dispositivo médico Esophyx, para tratamento da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE).
O recurso terapêutico, que já é usado nos Estados Unidos e Europa há mais de dez anos, teve seu uso aprovado pela Agência Nacional Vigilância Sanitária (Anvisa) em outubro de 2020, e desde então um grupo de médicos especializados em cirurgias digestivas e endoscopia passam por um criterioso treinamento promovido pela EndoGastric Solutions, empresa norte-americana responsável pelo desenvolvimento da nova tecnologia terapêutica. A Doença do Refluxo, segundo dados da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), atinge cerca de 30% da população adulta do Brasil.
Diogo, que há cerca de um ano sofria com o agravamento dos sintomas da DRGE, se submeteu à fundoplicatura endoscópica realizada no Brasil e na América Latina no dia 30 de janeiro. O procedimento foi feito no Hospital San Gennaro, na cidade de São Paulo, com equipe que eu mesmo comandei. O trabalho contou com o auxílio do gastroenterologista e cirurgião Manoel Galvão Neto e do também cirurgião Thiago Ferreira Souza.
Diagnosticado com uma hipotonia acentuada do esfíncter esofagiano inferior, um dos multifatores da Doença do Refluxo, o médico se interessou quando ficou sabendo que o novo tratamento minimamente invasivo tem resultados tão efetivos quanto a cirurgia convencional. “Junto ao meu médico, avaliei que este novo recurso terapêutico, além de ser menos invasivo, tem um tempo de recuperação menor”, explica.
Segundo Diogo, após um mês de realização do procedimento endoscópico os sintomas da DRGE cessaram. “Nas primeiras duas semanas há um certo desconforto ao ingerir alimentos, por isso no começo é necessário uma dieta especial, mas algo bem controlável, e depois se percebe uma melhora muito significativa”, destacou.
Caros leitores, digo a vocês que a primeira fundoplicatura endoscópica no país foi extremamente bem-sucedida, tanto durante a realização do procedimento quanto no pós-operatório. Não tivemos nenhum tipo de intercorrência e foi um sucesso total. Acredito que esse novo procedimento, em muito pouco tempo, terá um grande espaço no tratamento dessa doença por aqui.
Recuperação
A recuperação do procedimento é de fato bem rápida, sendo que em pouco mais de 24 horas já é possível voltar às atividades profissionais. Teoricamente é um procedimento em que o paciente pode ser liberado no mesmo dia, mas nesta primeira realização, optamos como protocolo manter ao menos um dia de internação.
Nas duas primeiras semanas é necessário um cuidado especial com a alimentação. São cinco dias de uma dieta líquida mais restrita, depois mais cinco dias com uma dieta líquida com sopas, e após estes dez dias o paciente passa por uma consulta para avaliação. Estando tudo bem, passa-se para uma dieta mais cremosa ou pastosa por uns cinco dias e então volta para sua dieta normal.
Qualidade de vida
O novo tratamento chega como uma alternativa para os cerca de 40% de pacientes com DRGE, que não obtêm resultados satisfatórios com o tratamento medicamentoso. Temos muitos pacientes que não toleram o uso de algumas medicações, sem falar dos efeitos colaterais do seu uso a longo prazo.
O refluxo é um mal que tira muito da qualidade de vida do paciente. É uma doença que impacta fortemente o sono da pessoa, que também passa a se privar de todo tipo de alimento para não ter os sintomas da doença e com isso a qualidade dessa alimentação também cai. O paciente ainda se priva até de ir a eventos sociais e isso acaba afetando a autoestima. Ou seja, é uma doença que interfere em todos os âmbitos da vida do paciente, seja ele familiar, social e profissional.
Se não tratado, a DRGE pode agravar doenças já existentes como bronquites e asma, e ocasionar outras, como úlcera do esôfago e o chamado esôfago de Barrett, que pode evoluir para um câncer. Outras complicações da doença também são inflamação das cordas vocais, engasgos frequentes e noturnos, dificuldades para engolir, entre outras.
Dr. Eduardo Grecco
Cirurgião do Aparelho Digestivo e Endoscopista