Tabu ainda é desafio na prevenção a cânceres ginecológicos
- Redação Saúde Minuto
- 28/10/2025
- Saúde
Diálogo e disseminação de conhecimento são fundamentais para evitar diagnóstico da doença em estágio avançado, avalia especialista do Hospital Santa Catarina – Paulista.
Falar sobre saúde íntima feminina ainda é tabu. Com vergonha ou desconforto, muitas mulheres evitam o tema, atrapalhando a prevenção às doenças que atingem os órgãos do sistema reprodutor feminino, como os cânceres do colo do útero, ovários, vagina e vulva.
A falta de diálogo acarreta atraso na busca por exames, desconhecimento quanto às formas de prevenir e o que mais preocupa: diagnóstico tardio.
Segundo o Dr. Aumilto Augusto da Silva Júnior, oncologista do Hospital Santa Catarina – Paulista, a consequência mais grave está na descoberta tardia de que há algo errado, em geral quando a doença já está em estágio avançado.
“Romper esse tabu é fundamental. Quanto mais falarmos sobre saúde íntima, mais mulheres terão informação, acesso a exames e chance de prevenir o câncer ginecológico”, afirma.
No Brasil, estima-se cerca de 30 mil novos casos deste tipo por ano. Embora todas as mulheres tenham algum risco de desenvolver esses tipos de câncer, eles aumentam a partir de fatores sociais, culturais, biológicos e comportamentais, explica o especialista.
Para o Dr. Aumilto, a prevenção depende não apenas de exames e vacinas, mas também de garantir conhecimento e acesso igualitário para todas.
Isso porque a ameaça cresce para quem tem escolaridade menor, baixa renda, dificuldade de entrada em serviços de saúde e reside em regiões afastadas. Outros pontos que aumentam a probabilidade são: histórico de mutações genéticas, doenças hereditárias, infecção persistente por HPV, início precoce da vida sexual, múltiplos parceiros, tabagismo e imunossupressão (HIV).
“O tabu em falar sobre saúde íntima ainda afasta muitas mulheres dos serviços de saúde. Elas devem se sentir seguras para conversar com seus médicos e cuidar ativamente da sua saúde, sem ressalvas. Quanto mais informação, prevenção e acesso à saúde, menores serão os impactos dos cânceres ginecológicos”, reforça o oncologista do Hospital Santa Catarina – Paulista.
Sinais e sintomas
Os sinais no corpo da mulher podem variar, mas alguns sintomas merecem atenção:
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Dor ou pressão na região pélvica que não passa;
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Sensação de estar cheia muito rápido, mesmo comendo pouco;
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Sangramento fora do período menstrual e após a menopausa;
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Menstruações muito longas ou intensas.
Histórico familiar
Quando há histórico familiar de câncer ginecológico (colo do útero, ovário, endométrio ou vulva), é importante redobrar a atenção com:
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Acompanhamento regular;
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Calendário de exames preventivos;
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Vacinação (HPV);
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Rastreamento diferenciado;
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Observação atenta para alterações na pele ou mucosa;
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Controle da obesidade, diabetes e hipertensão.
Cuidados básicos
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Estilo de vida: manter alimentação equilibrada, praticar exercícios, não fumar e evitar excesso de álcool. Usar preservativo.
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Consultas regulares ao ginecologista: exames preventivos, conversa sobre histórico familiar e avaliação da necessidade de vacinações.
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Investigação: devido à alta incidência de câncer de colo uterino no Brasil, o rastreamento para infecção do HPV (teste de DNA) e a vacinação contra o vírus são ações importantes.
Redução de riscos e prevenção
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Câncer de útero: uso de anticoncepcional oral, atividade física regular e, em alguns casos, terapia hormonal podem ajudar a reduzir o risco.
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Câncer de ovário: uso prolongado da pílula, gestações, amamentação e cirurgias como laqueadura ou retirada do útero após fim da vida reprodutiva estão associados a menor risco.
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Câncer de colo do útero: vacina contra HPV e exames preventivos (teste por DNA) são as melhores formas de proteção.
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Câncer de vulva: consultas ginecológicas regulares ajudam a identificar alterações precocemente. A vacina contra HPV também protege.