Como os fogos de artifício impactam as crianças autistas
- Fabricio Colli
- 31/12/2024
- Curiosidades
A queima de fogos pode ser prejudicial àqueles com maior sensibilidade aos estímulos causados pelas cores e sons da pirotecnia
Nas festas de final de ano, a queima de fogos de artifício é uma prática muito comum e admirada por sua beleza de cores e luzes. Porém, esse show de explosões é um pesadelo para crianças com autismo, que têm maior sensibilidade aos estímulos do ambiente.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno neurológico, resultante de alterações físicas e funcionais do cérebro, que pode afetar o comportamento, comunicação, interação social e sensibilidade daqueles que se encaixam nesse diagnóstico.
Em alguns casos, pessoas com autismo podem apresentar quadros de hipersensibilidade sensorial, ou seja, uma maior sensibilidade a estímulos do ambiente em que ela está inserida, sejam eles visuais ou auditivos. Quando essa característica é apresentada, qualquer estímulo pode gerar incômodo e ser extremamente desconfortável, mesmo que não percebido por pessoas neurotípicas.
“A maioria das crianças autistas têm uma sensibilidade auditiva maior. Então, quando ela ouve determinados tipos de barulhos, como fogos de artifício, liquidificador, motocicleta, aspirador de pó, entre outros, ela demonstra isso pelo comportamento. Ou ela tampa o ouvido, ou ela fica agitada, ou ela fica agressiva.” Explica o Dr. Victor Saab, neurologista.
O especialista também esclarece que não são todas as crianças com autismo que sofrem com esses estímulos sensoriais, porém, uma porcentagem significativa dos autistas podem ser afetados negativamente pelos sons dos fogos de artifício.
A hipersensibilidade sensorial se diferencia da misofonia, mesmo que podem ser frequentemente confundidas em pessoas com TEA. A misofonia é um distúrbio neurológico caracterizado por uma hipersensibilidade auditiva, em que a pessoa desenvolve uma aversão intensa a sons que resultam nessas reações negativas, como saliva, uma tosse, ou uma tecla de computador.
A misofonia pode estar relacionada ao autismo por terem em comum o transtorno de Processamento Sensorial, porém, em todos aqueles que estão no espectro autista, se encaixam em um quadro de misofonia, e vice-versa.
Uma das principais responsáveis pelas crises em autistas, em momentos de muitos estímulos como as festas de final de ano, é, portanto, a hipersensibilidade sensorial. Essa característica exige que seja oferecido maior apoio às crianças com autismo nessas situações, as sugestões são: uso de fones de ouvido para abafar o som, permanecer em ambientes “seguros” (evitar aglomerações e grande exposição à queima de fogos) e optar pela previsibilidade, preparando a criança para esse momento.
Profissional consultado: Dr. Victor Saab, neurologista
Texto por: Fabricio Colli | Redação Saúde Minuto | Editado por: Francisco Varkala