Especial Drogas | As anfetaminas e os riscos de seu uso indevido
- Redação Saúde Minuto
- 07/11/2024
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- Drogas Saúde
“As anfetaminas são drogas psicoativas que, por meio de múltiplos mecanismos de ação, ativam o funcionamento do Sistema Nervoso Central, trazendo como consequência uma alteração no comportamento das pessoas que a utilizam”, explica o Dr. Luiz Sampaio, médico acupunturista, psiquiatra e presidente do CMBA. “São categorizadas como psicoestimulantes, pois promovem diferentes graus de euforia no comportamento.”
Inicialmente utilizadas para tratamento da obesidade, hoje as anfetaminas têm seu uso médico restrito a condições específicas, como Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e narcolepsia. Elas aumentam a liberação de neurotransmissores, como a dopamina e a norepinefrina, promovendo estado de alerta, concentração e sensação de energia. É essa sensação de euforia que atrai usuários para o uso recreativo, mas os riscos para a saúde são elevados.
Efeitos no Corpo e Dependência
O uso inadequado pode causar efeitos colaterais como insônia, agitação, irritabilidade e problemas cardiovasculares. “As anfetaminas estimulam o Sistema Nervoso Autônomo Simpático e, além das alterações comportamentais, ativam o metabolismo e aumentam a circulação sanguínea, sobrecarregando o coração. Esse aumento pode levar à morte em indivíduos com problemas cardíacos desconhecidos”, alerta o Dr. Sampaio.
A dependência é outro risco considerável, levando o corpo a necessitar de doses crescentes para o mesmo efeito, num ciclo de comprometimento da saúde física e mental. A síndrome de abstinência pode incluir fadiga extrema, ansiedade e depressão, dificultando ainda mais a interrupção do uso.
Tratamento e a Importância da Abordagem Multidisciplinar
O tratamento da dependência exige uma abordagem multidisciplinar com suporte médico e psicológico. A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) oferece serviços que vão da desintoxicação à reintegração social. “Não existe medicação eficaz para a síndrome de abstinência; a abordagem é sintomática”, ressalta o Dr. Sampaio. Para casos de sintomas psicóticos, podem ser usados neurolépticos, como haloperidol e clorpromazina, que, embora diminuam o desejo pela droga, possuem efeitos sedativos que muitos usuários rejeitam. Já para crises de ansiedade, benzodiazepínicos podem ser utilizados. Intervenções psicossociais, como terapias comportamentais e grupos de apoio, demonstram eficácia no tratamento da dependência. A acupuntura também é uma opção, pois libera neurotransmissores que ajudam a controlar crises de abstinência.
Prevenção e o Papel das Políticas Públicas
A prevenção do uso inadequado requer educação e políticas públicas eficazes. Para o Dr. Sampaio, “é necessário um critério rigoroso na prescrição desses fármacos, evitando diagnósticos mal elaborados que levam a uma prescrição indiscriminada.” Ele ressalta que, antes da proibição pela ANVISA em 2011, drogas como anfepramonas e femproporex eram amplamente usadas para emagrecimento, mas se mostraram ineficazes e perigosas. Diagnósticos imprecisos de TDAH também levam à prescrição de metilfenidato e lisdexanfetamina para crianças e adolescentes, expondo-os ao risco de dependência.
O uso ilícito de anfetaminas é comum em ambientes como estradas e universidades. Caminhoneiros as utilizam para jornadas de trabalho prolongadas, e estudantes, para passar noites em claro estudando. As drogas ecstasy e metanfetamina, muito populares em festas longas, também são derivadas das anfetaminas e elevam os riscos de acidentes e dependência. Além disso, o uso de drogas ilícitas alimenta o tráfico e fortalece o crime organizado, impactando a segurança pública e tornando os usuários potenciais vítimas da própria criminalidade que ajudam a sustentar.
Apesar de seus benefícios para algumas condições médicas sob supervisão, o uso recreativo de anfetaminas é perigoso, com potencial para dependência e sérios problemas físicos e sociais. A prevenção, o acesso à informação e a tratamentos adequados são essenciais para combater o abuso e a dependência. Conscientizar-se dos riscos e adotar escolhas responsáveis são atitudes fundamentais para o bem-estar individual e da sociedade.
Profissional consultado: Dr. Luiz Sampaio, médico acupunturista, psiquiatra e presidente do CMBA.
Texto por: Giovanni Stein | Redação Saúde Minuto | Editado por: Francisco Varkala
Comment (1)
LUIS CLÁUDIO G. MACHADO
07 nov 2024Excelente matéria. Assunto de extrema importância para os dias de hoje. Drogas sintéticas conseguem ser mais perigosas ainda que as antigas!
Esse tema e reportagem deve ser abordado sempre, principalmente entre os mais jovens!