Novidades no tratamento de epilepsia
- Fabricio Colli
- 10/02/2025
- Neurologia Saúde
No dia 10 de fevereiro, celebramos o Dia Internacional da Epilepsia, visando promover conscientização sobre a doença, reduzir preconceito e esclarecer sobre diagnósticos e tratamentos.
A epilepsia é uma condição neurológica causada por descarga elétrica anormal nos neurônios, se caracterizando como uma alteração temporária no funcionamento do cérebro. Os principais riscos da doença são as crises que ela pode ocasionar, em casos extremos, causando Acidente Vascular Cerebral (AVC), paralisia cerebral, anomalias congênitas, problemas no parto, infecções (como meningite), trauma cerebral, convulsões que começam em uma idade jovem, e outras consequências neurológicas. Essas crises podem ter gatilhos por estresse, falta de sono, uso de álcool ou drogas, fortes estímulos luminosos, uso de certos medicamentos.
Essa doença crônica pode ser causada por distúrbios genéticos ou por lesões cerebrais adquiridas, como traumatismos ou AVC, e a partir disso, acompanhar as pessoas por toda a vida.
Para conviver melhor com a epilepsia, existem diversas formas de tratamento que podem auxiliar a reestabelecer a qualidade de vida de pacientes com epilepsia para que crises sejam contidas.
Principais formas de tratamento
Dentre as principais opções de tratamento, estão os fármacos anti-freeze, sejam eles fármacos muito antigos que continuam no mercado, ou de uma nova geração que está chegando. Alguns dos medicamentos mais utilizados, que representam um avanço no tratamento, são os medicamentos anti-convulsionantes. O tratamento com esses medicamentos colabora com menos efeitos colaterais e maior eficácia no controle de convulsões, especialmente em terapias com combinações de vários medicamentos.
Como outras opções de fármacos, o canabidiol pode ser mais um remédio adicionado ao arsenal de tratamentos, hoje com algumas indicações específicas, entre encefalopatias epiléticas do desenvolvimento, mas talvez com potencial de estudo aí para servir para mais tipos de epilepsia.
O tratamento da epilepsia é predominantemente medicamentoso, mas ainda há desafios importantes. O número de fármacos disponíveis é limitado, e o mecanismo de ação de algumas formas da doença não é totalmente compreendido. Segundo a Dr.ᵃ Alessandra Russo, neurologista da infância e da adolescência, algumas epilepsias evoluem para fármaco-resistência, tornando o tratamento mais complexo. Para esses casos, existem alternativas como o tratamento cirúrgico, indicado quando há uma lesão bem definida e a epilepsia não responde aos medicamentos. Geralmente, a cirurgia é receptiva, ou seja, consiste na remoção da área do sistema nervoso afetada pela lesão.
“A cirurgia, o tratamento cirúrgico hoje fica mais para os casos lesionais, se a gente tem uma lesão específica, e fármaco resistente, então na maior parte das vezes a cirurgia é receptiva, assim, de tirar a lesão” Explica a especialista.
A neuroestimulação específica (RNS) também é uma forma de relativamente nova de tratamento, que consiste na implantação de um dispositivo que emite pequenos pulsos elétricos ao cérebro ao identificar atividade convulsiva que pode contribuir para a redução da gravidade e frequência das crises. Essa abordagem representa uma alternativa ou um complemento à cirurgia tradicional.
Um exemplo dessa abordagem é o VNS (estimulação do nervo vago), um dispositivo implantado cirurgicamente. Ele é projetado para detectar crises iminentes e enviar sinais elétricos que podem abortá-las antes que ocorram. No entanto, esse recurso ainda é restrito a pacientes com epilepsia fármaco-resistente.
“A ideia é que ele sinta quando a crise vai acontecer e envia uma informação elétrica para abortar essa crise, ou seja, para não deixar que a crise aconteça. Então é um dispositivo bastante útil. Hoje em dia também restrita as epilepsias que não responderam ao medicamento que a gente chama de fármaco resistente.” Comenta a Dra. Alessandra, sobre o uso do método.
Além dos tratamentos convencionais, existe também a abordagem não farmacológica. A única reconhecida atualmente é a terapia dietética, como a dieta cetogênica, por exemplo. Esse é um método natural, porém bastante rigoroso, que tem demonstrado bons resultados no controle das crises epilépticas.
O tratamento da epilepsia, no entanto, não se limita apenas ao controle das crises. É fundamental considerar a qualidade de vida do paciente, realizando o rastreamento de comorbidades psiquiátricas e incentivando a prática de atividade física, promovendo, assim, mais saúde e bem-estar.
Diagnósticos de epilepsia
O diagnóstico da epilepsia é baseado no tipo de crise epiléptica e no eletroencefalograma, que auxilia na identificação da síndrome epiléptica. A partir desse diagnóstico, é possível definir tanto o tratamento quanto o prognóstico e a evolução da condição.
Muitas epilepsias são geneticamente determinadas, e a realização do diagnóstico genético é fundamental, pois algumas formas da doença apresentam contraindicações ao uso de determinados fármacos. Identificar essas variantes genéticas permite um tratamento mais adequado e seguro. Além disso, as síndromes epilépticas podem variar conforme a faixa etária, sendo que algumas ocorrem na infância precoce, outras na idade escolar, na adolescência ou na fase adulta.
Profissional consultado: Dr.ᵃ Alessandra Russo, neurologista da criança e do adolescente
Texto por: Fabricio Colli | Redação Saúde Minuto | Editado por: Rafaela Navarro