Sexualidade Feminina
- Redação Saúde Minuto
- 14/03/2022
- Aline Ambrósio Ginecologia Video
A sexualidade feminina ainda é um tabu. Brinquedos eróticos, masturbação, orgasmo, sexo, tudo isso é assunto delicado se for feito por mulheres. Para romper com essa tradição, o Saúde Minuto trouxe a ginecologista, obstetra e sexóloga Dra. Aline Ambrósio, falando sobre essas e outras formas de prazer da mulher. Confira!
Raquel Rojas:
Estamos em pleno século 21, mas tentando ainda derrubar os tabus sobre sexualidade feminina, mas já avisamos, não desistiremos jamais, e para falar sobre esse assunto, o Saúde Minuto recebe nossa colunista, ginecologista e sexóloga, Dra Aline Ambrósio.
Dra. Aline, é um prazer recebê-la aqui no Saúde Minuto.
Dra. Aline Ambrósio:
O prazer é meu, Raquel
P) Raquel Rojas:
Dra, por que a gente ainda sente vergonha em falar sobre sexo?
R) Dra. Aline Ambrósio
Porque a nossa sexualidade, ela é construída dentro de parâmetros biológicos, psicológicos e sócios culturais, e nos estamos inseridos a muitos séculos em uma sociedade judaico cristã que tem muitos tabus a cerca da sexualidade feminina.
P) Raquel Rojas:
O sexo ainda é visto como um pecado?
R) Dra. Aline Ambrósio
Normalmente o sexo é visto por algumas religiões como uma necessidade de procriação e quando você faz uma revisão histórica, realmente fazia sentido, para eu criar uma comunidade grande e que defendesse aquele território fazia sentido, falar-se em homossexualismo, que a gente não mais hoje em dia porque era proibido, porque através de sexo heterosexual que você constrói uma sociedade maior que se procria.
P) Raquel Rojas:
Dra. Qual o momento certo de falar sobre sexo em casa com as crianças? Existe um momento exato?
R) Dra. Aline Ambrósio
Os estudos sobre sexualidade dizem que a educação sexual deve ser iniciada em casa, pelos pais e na infância. Quando a criança entra naquela fase da masturbação infantil, a gente nem gosta desse termo, a gente usa um termo mais leve que é “sexualidade infantil”, a criança entre 3 a 6 anos ela vai reconhecendo essa área, assim como ela começa a engatinhar, ela está em pleno desenvolvimento de entender esse corpinho dentro de um mundo, coloca a mão na boca, e com 3 a 6 anos começa a reconhecer essa área íntima , e os pais vão com o cérebro de adulto pensando: “Uau, por que essa criança está colocando a mão aí?” É um cérebro de criança, ela não esta procurando um orgasmo, um prazer sexual, ela só está fazendo o reconhecimento de área.
P)Raquel Rojas:
Ajudar esse discurso é importante?
R) Dra. Aline Ambrósio
É super importante porque o cérebro é igualzinho a um computador, quando eu faço do meu projeto de escola de paz eu explico para os pais que toda a informação que você dá, inclusive toda a parte gestual, o clima, a emoção do ambiente a criança absorve, isso é informação da programação do cérebro, nesta idade se você chega para a criança, se assusta e fala: “Tira a mãe daí!” ou “Tira a mão daí que é sujo, é feio!” Você está dizendo que ela está desautorizada ao auto conhecimento,e quando chega lá na frente, na fase da adolescência que o cérebro começa a desenvolver, tem hormônio nesse corpo e é natural que ela tenha impulsos sexuais, e desautoriza-la ao toque na região, quando ela chega na adolescência, instintivamente ela não aprende a se exercitar e ir ao auto conhecimento.
P) Raquel Rojas
Conhecer o próprio corpo é uma regra básica né, Dra? E a masturbação é o caminho.
R) Dra. Aline Ambrósio
Sim, e a masturbação feminina fica desautorizada desde a criança, e os pais fazem isso com medo de abuso. “Ninguém pode tocar”, “Não põe a mão aí”, só que quando essa menina chega na adolescência, que já tem uma genitália mais escondida, diferente do menino… Que eu brinco que a genitália está ali exposta, o menino quase que é convidado para conhecer o próprio corpo, a menina já foi desautorizada na primeira infância, chega a adolescência com esses impulsos hormonais, ela nunca colocou espelhinho para se olhar, não é incomum no consultório chegar para uma adolescente, pegar o espelhinho e ela ficar envergonhada, e eu digo “Gente… você não olha seu rosto? Você não olha suas mamas? Por que não olhar a genitália? Você vê o peso do social em cima disso, desses tabus.
P) Raquel Rojas:
Delegar o prazer a outra pessoa não é uma questão tão fácil assim, a masturbação eu acho que passa muito por isso, né?
R) Dra. Aline Ambrósio
Olha que coisa interessante, historicamente se a gente for lá atrás, na geração dos meus avós, as mulheres se casavam com 18, 17 ou 16 anos, então quando você está tendo inebição de hormônio nesse cérebro e está tendo impulsos sexuais você já está pronta emocionalmente e socialmente para constituir família, hoje as pessoas as vezes moram com os pais aos 30 anos, não tem essa maturidade só que você continua biologicamente tendo os impulsos lá atrás na adolescência, quando você não está autorizado a descarregar essa energia cerebral sexual com a masturbação, isso principalmente nas meninas esse impulso ele existe, e eu acabo as vezes terceirizando. E provoca memórias ruins e disfuncionais para o futuro, porque quando você se engaja em um ato sexual para o outro produzir o prazer em você, geralmente é frustrante, ou porque o outro não está preocupado com o seu prazer, você vai se sentir invadida, e a memória que você vai ter é de que o sexo não traz memórias positivas, não traz uma vantagem, isso pode inclusive ser uma das causas das disfunções sexuais na vida adulta.
P) Raquel Rojas:
Dra. Quais são as principais disfunções sexuais nesse mundo feminino?
R) Dra. Aline Ambrósio
A queixa principal no consultório é a queda de desejo sexual. A maioria das mulheres elas vem referindo que em relacionamentos longos elas param de ter vontade, isso não é uma disfunção, os trabalhos mostram que entre 3 a 12 meses de relacionamento estável a gente não tem mais esse desejo espontâneo, mas sim o desejo responsável, que responde a estímulos e estes estímulos são vários, que é minha autoestima estar em dia, eu estar cuidando da minha saúde física, por exemplo, uma disfunção na tireoide pode fazer uma queda de desejo, se eu estiver com os hormônios desequilibrados também, e aí tem essa loucura de “vamos colocar hormônios masculinos na mulherada” e só isso não resolve, tem toda a questão relacional, como está esse meu vínculo conjugal? Eu sinto atração afetiva? Admiração pela parceria? A mulher vai se engajar nessa relação por algumas motivações e uma delas é a admiração pela parceria para a conectividade emocional. É importante que o estímulo não seja sempre igual, o cérebro cansa de quando a coisa é sempre aquele arroz com feijão, o cérebro precisa de novidade se não o nível de recompensa de dopamina cai, ter uma tranquilidade com o seu corpo, autoconhecimento, se liberar para experiências diferentes, explorar esse maior órgão do meu corpo que é a pele para explorar outras zonas erógenas e não centrar somente em mamas e área íntima, é extremamente importante.
P) Raquel Rojas:
Entendi, Doutora, a gente vive uma era da positividade tóxica e também da sexualidade perfeita, então orgasmos e mais orgasmos, as mulheres precisam estar sempre lindas, maravilhosas e sentirem desejadas, isso também aumenta a cobrança por um resultado ou uma vida sexual muito mais ativa?
R) Dra. Aline Ambrósio
Raquel, nessa época de pandemia, as disfunções sexuais deram uma disparada, acredito até que os novos estudos estatísticos vão mostrar assim um disparo na proporção de pessoas na sociedade que têm disfunção, porque até então nós dizemos que 40 a 45% das pessoas do mundo têm alguma disfunção sexual em suas vidas. Já é bastante gente, mas a ansiedade é o primeiro inimigo da gente para ter uma boa resposta sexual. Por quê? Porque o sistema de sobrevivência, sistema de disparo de alerta é contrário ao que o meu corpo precisa para ter uma ereção no caso do homem, para lubrificar no caso da mulher, e para eu atingir o orgasmo, ter esse pico de prazer, eu preciso estar relaxada e não ter o controle. Se eu estou focada lá no final, no resultado você não chega lá. Perder o controle, o orgasmo é perder o controle, o sexólogo sempre fala que é como se fosse uma mini crise epilética de 3 a 10 segundos. Você não precisa ter controle, e nem pode ter esse controle.
P) Raquel Rojas
Isso que eu ia te perguntar, o que acontece no corpo da mulher durante o orgasmo?
R) Dra. Aline Ambrósio:
Nossa, tem um casal de sexólogos, Master e Johnsons, que eles estudaram mesmo, eles colocaram eletrodos eletroencefalograma. Eles viram todas as reações físicas lá na década de 50. Do que ocorria no corpo das pessoas durante um ato sexual. Eles são os grandes disparadores dos estudos de sexualidade, então você tem na hora do orgasmo uma descarga no corpo gigantesca de neurotransmissores, você tem uma vaga dilatação, o rosto fica, é vermelho, suor pode acontecer, batedeira, aumenta a frequência respiratória, só que isso tudo em questão de segundos e é uma explosão como essa mini crise epiléptica que você perde a noção “Uau onde é que eu estou?” E se você tem muito controle o seu corpo te bloqueia de chegar nesse pico. Agora, quem tem orgasmo tem vários benefícios, tanto de saúde mental quanto de saúde física. As pessoas que fazem sexo com satisfação tem menos doença cardiovascular, por exemplo, menos depressão, menos ansiedade, ou seja, ter uma relação sexual satisfatória com a frequência que é boa para você, porque não existe aquele número que é o ideal, é super essencial para sua saúde global?
P) Raquel Rojas:
Passamos por várias etapas na vida, então a mulher passa pela fase da verdade, gravidez, pós parto, depois a menopausa. São etapas muito bem definidas. O que acontece no nosso corpo e até que ponto isso influencia na nossa sexualidade?
R) Dra. Aline Ambrósio:
Na menopausa ocorre uma queda abrupta e repentina dos nossos hormônios sexuais. A testosterona, que é o masculino, ela já vai caindo a partir dos 40 anos, mas o hormônio feminino estrogênio ele caia bruscamente. Primeira coisa são os efeitos no sistema nervoso central, altera a minha memória, altera o meu estado de humor, geralmente vai para o humor mais depressivo, altera meu nível de sono porque desregula o centro que controla a temperatura e aqueles famosos, calores noturnos, os fogachos, alteram minha qualidade de vida. Quem não dorme bem não tem 1 dia bom também. Ou seja, é queda de qualidade de vida. Além disso, queda do metabolismo, começa a ter aquela gordura que a mulher odeia em volta é o pneuzinho. E lembra que eu falei que para ter desejo preciso ter autoestima? A autoestima fica abalada, a pele fica ruim, as mamas ficam mais flácidas. Além disso, surge uma entidade nessa fase chamada síndrome urgenital, que são as alterações do envelhecimento da perda de colágeno, da irrigação sanguínea da região ali do assoalho pélvico. Então, começam a surgir as perdas urinárias, tanto ao esforço, fazendo exercício, às vezes até no ato sexual. Eu posso começar a ter uma dificuldade de lubrificação e letífica ainda a chega da ao orgasmo.
P) Raquel Rojas:
Mas hoje nós temos vários recursos. Queria que você falasse um pouquinho desses recursos que a gente tem em relação à menopausa. O que pode ser feito? A gente sabe que tem acupuntura, lazer, enfim, tem uma série de tratamentos que podem auxiliar nessa fase tão difícil para a mulher.
R)Dra. Aline Ambrósio:
Como hoje a expectativa da mulher vai além dos 80 anos, sempre que possível, se não houver nenhuma contra-indicação a gente sempre estimula. Fazer a reposição hormonal, sempre de preferência dos hormônios bio idênticos e via transbérmica, porque aí eu não impacto nem aparelho cardiovascular negativamente, nem as mamas. Além disso, é importante falar que para destituir o hormônio dessa responsabilidade, que ele é o vilão da mulher após a menopausa, ele protege para várias coisas, osteoporose protege o cérebro de demência, câncer de intestino, então, sempre que possível, repor hormônio feminino ou masculino, a mulher estando impossibilitada dessa reposição. Como a grande maioria das mulheres que tiveram câncer, eu posso lançar mão dos fitoterápicos, tem várias medicações à base de planta que vão dar Alívio dos fogachos. Melhora essa questão da memória, acupuntura assim é bem vantajosa também para essas questões neurológicas, principalmente, continuar fazendo atividade física. Estilo de vida é essencial, boa no acompanhamento nutricional, melhorar a qualidade do sono, pensar que é a fase que muitas mulheres que têm filhos, os filhos vão embora, então começa o ninho vazio, trabalhar a questão emocional, mental e voltar a prestar atenção que faz sentido para mim como mulher, quais são meus propósitos como mulhere, não mais como mãe, como profissional, o que é importante para mim emocionalmente? Isso é necessário, e para restituir a saúde nessa região e melhorar auto estima, eu posso lançar mão de hormônios locais, que não é contra indicado nem para quem teve câncer de mama e as energias, aplicar laser a radiofrequência mais recentemente, ultrassom micro focado, porque eles têm um efeito de rejuvenescimento da região íntima.
P)Raquel Rojas:
Doutora, a gente vai falar sobre a libido, que é um capítulo bem interessante. Eu queria que você falasse, como é que a gente consegue, enfim, manter a libido, por exemplo?
R) Dra. Aline Ambrósio:
Então isso é uma coisa bem importante, porque a principal queixa das mulheres no consultório. Eu costumo começar essa conversa com as mulheres que têm essa queixa da seguinte forma, você planeja a dispensa da sua casa? Sim, você planeja carreira? Sim, você planeja a vida estudantil dos seus filhos? Sim, mas por que você não planeja sexo? Olha quanto tabu em cima disso, se eu não coloco um foco do meu cérebro numa determinada atividade, eu não vou pensar nisso. E a gente acha feio mulher pensar em sexo, todo homem tem um grupo no celular de sacanagem, todo homem assiste filme pornográfico. Hoje já tem cinegrafistas que fazem filmes eróticos para mulheres,
P) Raquel Rojas:
Hoje nós temos muitos outros recursos, né? Enfim, graças a Deus, o mercado também está olhando muito mais para a mulher, para que a gente consiga, enfim, se estimular e descobrir o nosso próprio prazer, né, doutora?
R) Dra. Aline Ambrósio:
Isso, e quebrar esse tabu que é o outro que vai repercutir esse essa reação corporal, essa reação física em mim. A gente precisa se apropriar disso, conhecer como é o meu clitóris, como funciona o meu corpo, como eu estimulo, quais são as coisas que eu gosto e não gosto. Então, começaram a entrar numa loja erótica para ver os acessórios eróticos.
A gente sempre terceiriza muito ainda na nossa sociedade o nosso prazer.
P) Raquel Rojas:
Mas hoje tem tudo online também. Gente, tem vergonha de entrar em um sex shop? Não tem problema, é só acessar que dá pra encontrar muita coisa.
R) Dra. Aline Ambrósio:
Também cursos de pompoarismo tem sex shop que faz esse curso, pra você entender um pouco mais esse jogo erótico, a mulher também, e esses casamentos mais longos. Isso também acontece em relacionamento homoafetivo feminino, tá? Perde-se o erotismo do casal. É importante que o casal que está ali, a um longo tempo juntos, que continue no dia a dia. Esse jogo do carinho, do afeto.
Que não ligue o botão só na hora que chega na cama. Se tem filhos e os filhos não estão em casa, explorar outras áreas, tem que enganar o cérebro, usar os órgãos dos 5 sentidos. A gente diz. A rotina é que acaba diminuindo o erotismo aí a grama do vizinho acaba ficando mais verde.
P) Raquel Rojas:
Sim, e aí você olha para grama do vizinho e aí, enfim, as coisas acontecem. Doutora, agora eu gostaria que você falasse um pouco de estresse e sexualidade. A gente vive em um mundo extremamente louco, a correria. Como é que a gente consegue também desviar um pouco desse estresse para que ele não interfira tanto na nossa sexualidade? Isso é possível ou não?
R) Dra. Aline Ambrósio:
Olha, isso é uma questão assim, bem complicada, né? Porque o estresse quando eu já falei ali atrás, ele é um dos disparadores da ansiedade de performance, e isso vai fazer com que eu tenha uma resposta sexual insatisfatória. Se o seu cérebro reconhece uma atividade como não recompensadora, ele fala: não… deixa, não faz mais isso. Então é importante que se procure no dia a dia, a ter armas, com uma meditação que consiga reduzir o meu estresse e até a própria masturbação, o próprio ato sexual pode ser uma dessas atividades. Agora, o problema de hoje em dia, é que como as pessoas vêm aí de uma geração de eletrônicos, as pessoas têm tido dificuldades e com a pandemia isso se estendeu, de se relacionar, de se conectar e o que é um ato sexual a 2 e não a masturbação é uma dança.
Eu preciso primeiro me conectar, me relacionar, mesmo que seja só um sexo casual, então às vezes é mais desafiador isso do que ficar aqui na tela, e na tela eu vou subindo de escalas. O cérebro tem um processo chamado tolerância. Às vezes um determinado estímulo. Se ele é repetitivo, ai não causa o mesmo efeito, eu tenho que subir de escala e subir de escala. O vício em pornografia tem sido um dos grandes problemas dessas gerações mais novas, até os 25, 30 anos de idade, porque com dificuldade de me relacionar, me conectar com alguém e ter uma relação, e eu tenho ali a tela, a minha mão acaba virando uma situação que pode ser uma descarga para o estresse, mas pode também, dependendo da quantidade que você usa, isso se tornar um vicio
P) Raquel Rojas:
A gente precisa desconstruir algumas coisas, não é? Então eu vou te desafiar aqui num rali, rola num tête-à-tête para a gente falar um pouquinho sobre alguns estigmas que nós temos aí.
Que é ser ruim de cama, Doutora, existe isso?
R) Dra. Aline Ambrósio:
Esse termo ruim de cama, ele é péssimo porque ele vem com esse julgamento e vem com essa questão da ansiedade de performance, ruim de cama é você não ter auto conhecimento e delegar sempre para o outro.
P) Raquel Rojas:
Dra. fingir faz parte?
R)Dra. Aline Ambrósio:
Olha, eu não estou aqui para julgar ninguém, até porque as motivações para o sexo são 4, procriar, me conectar emocionalmente com alguém, ter prazer nem me importando com o prazer do outro e ter um ganho secundário. Então às vezes, fingir pode ser uma das motivações.
P) Raquel Rojas:
Uma Lady na mesa, uma louca na cama. Qual é o custo disso?
R) Dra. Aline Ambrósio:
Então isso de novo entra dentro desses tabus, não é? Por que entre 4 paredes eu não posso representar um papel para fazer essa brincadeira de enganar o cérebro? De novidade entre 4 paredes? Se forem adultos vivos, não tiver criança e todo mundo com sentindo aquele ato, vale qualquer coisa.
P)Raquel Rojas:
Meu corpo, minhas regras.
R) Dra. Aline Ambrósio:
Eu tenho visto um movimento do feminismo que é extremamente importante, porque nos trouxe igualdade política, igualdade social. E isso, às vezes ser confundido com o femismo. Então feminismo, é eu me apropriar, não ficar delegando para outro. Olha, eu não sei como é que é o meu orgasmo, você que vai produzir em mim, não. A gente precisa começar a entender o corpo, até para poder dizer para o outro, olha assim, eu gosto assim, eu não gosto, isso me causa dor, isso me causa desconforto, né? Então o meu corpo, minhas regras, nesse sentido, sim
Mas saber exercitar a energia masculina que é necessária para a gente ir para a vida e não ser dependente do dinheiro do outro, da ascendência do outro, mas também ser feminino e saber se colocar na receptividade do afeto, do próprio ato sexual é importante.
P) Raquel Rojas:
Prazer sem culpa, Dra.?
R) Dra. Aline Ambrósio
Sim, prazer sem culpa. A culpa está dentro desse é paradigma sociocultural, a mulher, ela não precisa fazer sexo só para procriar. A mulher, ela pode fazer sexo para obtenção de prazer sim, e como eu já falei, quem faz sexo direitinho, tem mais saúde física e mental.
Raquel Rojas:
É isso, entrevista excelente. Tenho certeza que todas irão adorar todos, né? Não só elas, eles também, e a gente vai marcar um outro bate-papo pra gente falar sobre sexualidade masculina, doutora. Muito obrigada pela sua participação. Prazer em tê-la aqui no Saúde Minuto
Dra. Aline Ambrósio:
Eu que agradeço Raquel.
Aline Ambrósio | Ginecologista, obstetra e sexóloga