Colher de pau, plástico ou silicone: qual é a melhor escolha na cozinha?
- Igor Markevich
- 14/04/2025
- Bem-estar Saúde
Todo mundo tem uma colher favorita na hora de cozinhar. Algumas pessoas juram que nada bate a tradição e o charme da colher de pau. Outras preferem a leveza das de plástico ou a versatilidade das de silicone. Mas o que quase nunca entra na equação é o impacto que o material desses utensílios pode ter na saúde. O tipo de colher que você usa influencia diretamente na higiene do preparo dos alimentos — e, com isso, no risco de contaminação por bactérias, fungos e até substâncias tóxicas liberadas pelo calor.
De maneira geral, colheres de plástico e silicone, quando novas, são consideradas boas opções do ponto de vista da limpeza. A superfície lisa facilita a remoção de restos de comida, e os materiais resistem bem à lavagem com água e sabão. O problema aparece com o tempo. O plástico, por ser menos resistente, tende a sofrer desgastes. Pequenos cortes, trincos ou ranhuras vão se formando com o uso, principalmente em contato com panelas quentes ou alimentos mais densos. “Essas fissuras acabam funcionando como esconderijos para resíduos e bactérias, o que dificulta a limpeza completa”, explica a médica infectologista Sabrina Soares, do Hospital Badim. Ou seja, mesmo após lavar, ainda pode haver resíduos invisíveis que comprometem a higiene do utensílio.
Nem sempre o clássico é a melhor escolha
A colher de pau é quase uma personagem nas cozinhas mais afetivas. Está presente nas lembranças de receitas de família, panela de brigadeiro e molho de domingo. Mas quando o assunto é segurança alimentar, a madeira perde pontos importantes. Por ser um material naturalmente poroso, ela absorve água, gordura e resíduos com muita facilidade — e nem sempre a lavagem é capaz de eliminar tudo. “A colher de pau pode reter resíduos e água, criando um ambiente propício para fungos e bactérias”, explica Sabrina. E o risco aumenta se ela for guardada ainda úmida, o que é bastante comum no dia a dia.
Mesmo que não solte substâncias tóxicas, como acontece com certos tipos de plástico, a madeira oferece outro tipo de perigo: o biológico. Com o passar do tempo, manchas e odores se tornam sinais de que o utensílio não está mais em boas condições de uso. E, embora existam truques caseiros para limpar e desinfetar colheres de madeira, o ideal é substituí-las regularmente, especialmente quando começarem a apresentar rachaduras, lascas ou mudanças na textura.
Custo-benefício?
Na hora da compra, a tentação é escolher o mais barato — e, nesse quesito, a colher de pau geralmente leva vantagem. O plástico vem logo em seguida, com preços acessíveis e ampla variedade nas lojas. O silicone, por outro lado, tende a custar mais. Mas quando se considera a durabilidade, o custo-benefício se inverte.
Colheres de madeira desgastam com facilidade e exigem cuidados extras: precisam ser bem secas, guardadas em local arejado e trocadas com mais frequência. O plástico também exige atenção. “Se aparecerem manchas, rachaduras ou deformações, é melhor descartar, já que isso compromete a segurança do material”, alerta a infectologista. Já o silicone, apesar do preço inicial mais alto, se mantém íntegro por muito mais tempo. É resistente ao calor, não racha com facilidade e, desde que seja de boa qualidade, pode acompanhar as suas receitas por anos sem oferecer riscos.
Cuidados que fazem diferença
Independentemente do material escolhido, a higiene diária dos utensílios deve ser feita com atenção. Água e sabão são essenciais, e o uso de água quente pode ajudar a dissolver resíduos mais gordurosos. Ainda assim, nem sempre uma boa lavagem é suficiente. “Plástico e madeira com marcas de uso devem ser descartados. E a colher de pau precisa estar completamente seca antes de ser guardada”, reforça Sabrina. Umidade e calor, quando combinados, criam o ambiente ideal para a proliferação de micro-organismos.
Outro ponto importante é observar se a colher de plástico é BPA Free — ou seja, livre de bisfenol A, uma substância química que pode ser liberada em altas temperaturas e está associada a uma série de riscos à saúde, incluindo alterações hormonais. “Essas substâncias estão relacionadas a efeitos negativos no organismo, especialmente em exposições prolongadas”, explica a médica. Já o silicone alimentício, além de suportar bem o calor, não solta toxinas e oferece uma superfície segura, mesmo em preparos mais quentes.
No fim das contas, o silicone é quem reúne as melhores qualidades: é durável, fácil de limpar, seguro contra o calor e com baixa chance de contaminação. Um detalhe aparentemente simples da rotina de cozinha, mas que pode ter um papel importante na sua saúde — e que merece mais atenção na hora da escolha.
Texto por: Igor Markevich | Redação Saúde Minuto | Editado por: Rafaela Navarro