O que o ouvido tem a ver com o nosso equilíbrio?
- Iara Machado
- 01/08/2025
- Bem-estar Curiosidades Saúde
Mais do que escutar, o ouvido também nos ajuda a não cair
Você já sentiu o mundo girar ao levantar da cama ou ficou tonto ao girar a cabeça rápido demais? Para quem pensa que isso é coisa da cabeça… pode ser, mas não só. A explicação, muitas vezes, está bem mais próxima — no ouvido.
“O labirinto, que faz parte da orelha interna, é uma estrutura fundamental para o nosso equilíbrio. Ele envia informações ao cérebro sobre os movimentos da cabeça e a posição do corpo no espaço”, explica a otorrinolaringologista Dra. Georgiana Rocha, do Hospital Sírio Libanês.
O chamado sistema vestibular, localizado dentro do ouvido, é composto por canais semicirculares (que percebem os giros da cabeça) e por outras duas estruturas: utrículo e sáculo, responsáveis por captar movimentos lineares, como quando subimos uma escada ou nos inclinamos para frente.
Essas informações são enviadas constantemente ao cérebro, que cruza esses dados com sinais vindos dos olhos e dos músculos para gerar uma resposta de estabilidade corporal. Quando essa integração falha, o corpo sente: surge a tontura, a instabilidade ou até a sensação de “cabeça leve”.
Nem tudo é “labirintite
Apesar de popular, o termo “labirintite” é, na maioria das vezes, usado de forma incorreta. “Labirintite é uma inflamação do labirinto, geralmente por infecção viral ou bacteriana, mas é uma condição relativamente rara. Existem outras causas mais comuns de tontura, como a vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) ou a doença de Ménière”, explica a médica. Cada diagnóstico exige um tratamento específico — por isso, é importante evitar generalizações e procurar avaliação médica.
E o zumbido, tem a ver com isso?
Em alguns casos, sim. Embora o zumbido também possa surgir isoladamente, ele pode estar ligado a condições que afetam tanto a audição quanto o equilíbrio, como a própria doença de Ménière ou tumores no nervo vestibular.
Se vier acompanhado de tontura ou desequilíbrio, merece investigação.
Como saber se o problema vem do ouvido?
A avaliação começa no consultório e pode incluir exames como:
- Audiometria, mesmo sem sintomas auditivos;
- Videonistagmografia (VNG), que avalia a resposta do labirinto a estímulos;
- vHIT, um teste rápido de reflexos vestibulares;
- Posturografia dinâmica, que mede como o corpo reage a diferentes situações;
- E, em casos mais complexos, ressonância magnética.
Fones de ouvido atrapalham o equilíbrio?
A resposta curta é: não diretamente. Mas o uso exagerado e em volume alto pode causar perda auditiva, zumbido e desconforto — sensações que podem ser confundidas com instabilidade. Além disso, o uso inadequado de fones intra-auriculares pode provocar excesso de cera ou infecções, afetando a percepção sonora e espacial. Nosso equilíbrio corporal é um trabalho de equipe entre o ouvido, os olhos, os músculos e o cérebro. E mesmo uma estrutura tão pequena quanto o labirinto pode ter um impacto enorme na nossa estabilidade. Se algo estiver fora de eixo — e a tontura der o sinal — vale escutar seu corpo. E talvez… o seu ouvido.