Prazer e prevenção: o SUS agora distribui camisinhas texturizadas e finas
- Maria Luiza Cesario
- 22/08/2025
- Assuntos Delicados Saúde
Com foco nos jovens, Ministério da Saúde aposta em inovação para frear o avanço das ISTs no Brasil.
O Ministério da Saúde começou a distribuir no SUS dois novos modelos de preservativos: uma versão fina e uma texturizada. A medida busca ampliar o uso da camisinha, especialmente entre os jovens, e reforçar a prevenção contra o HIV, hepatites virais, sífilis e outras ISTs, além de gravidez indesejada. E os números mostram que essa conversa é mais urgente do que nunca. A Pesquisa Nacional de Saúde (2019) evidenciou que 59% dos brasileiros com 18 anos ou mais não usaram camisinha no ano anterior.
Mas por que apostar em novos modelos? Porque hoje só falar sobre a importância de usar camisinha já não basta, é preciso torná-la atrativa, ligada também ao prazer. Além disso, ao gerar curiosidade e oferecer novas experiências sensoriais, cresce a chance de adesão.
Uma das novas opções disponibilizadas gratuitamente é a camisinha fina. Na prática, isso significa maior sensibilidade porque há menos material, sem abrir mão da proteção. Essa diferença pode ser sentida nos nervos da região genital, que captam melhor as variações de pressão, calor e movimento. É como se o corpo recebesse um sinal mais nítido do que está acontecendo durante a relação.
Entre os novos modelos, a camisinha texturizada foi a que mais repercutiu nas redes sociais, gerando enorme curiosidade e atingindo muitas pessoas. A estratégia de divulgação do Ministério da Saúde foi eficaz: o órgão enviou o produto para o médico infectologista e influenciador Ricardo Kores, que aprovou publicamente os preservativos. Sua publicação sobre o tema alcançou a marca impressionante de quase 2 milhões de visualizações em menos de 24 horas.
Do ponto de vista fisiológico, a lógica é simples: quanto mais sinais os receptores nervosos recebem, mais intensa tende a ser a experiência sexual. Os preservativos texturizados têm relevos, como estrias e pontinhos, que aumentam o atrito em regiões estratégicas, gerando estímulos que potencializam a resposta nervosa e intensificam o prazer. Quando a camisinha proporciona prazer e proteção ao mesmo tempo, ela deixa de ser vista como barreira e se transforma em aliada. O prazer faz parte da saúde sexual.
Segundo os boletins publicados pelo Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI), os casos de sífilis, que eram 1.249 em 2009, dispararam para assustadores 119.800 em 2022. Paralelamente, os índices de HIV permanecem em um patamar inaceitavelmente alto, com cerca de 40 mil novos casos notificados por ano. Diante do aumento de casos de ISTs, evidencia-se que insistir na prevenção é mais necessário do que nunca.
Além dos preservativos, o SUS também oferece gel lubrificante, PrEP e PEP (profilaxias pré e pós-exposição), testagem e tratamento de HIV, além de vacinas e ações de promoção da saúde sexual.
A camisinha pode ser fina, texturizada, colorida ou até com sabor. O que importa é lembrar que ela segue sendo a forma mais acessível, prática e eficaz de se proteger. E agora, com um bônus: mais prazer para os envolvidos.