Anvisa emite alerta sobre riscos do botox
- Fabricio Colli
- 15/03/2025
- Saúde Últimas notícias
Principal ponto alertado é sobre possíveis complicações do uso da toxina botulínica
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre os riscos de desenvolvimento de botulismo associados a procedimentos estéticos que utilizam a toxina botulínica, popularmente conhecida como botox. A agência destacou que, embora o uso da toxina seja comum em tratamentos estéticos para a redução de rugas e linhas de expressão, o uso inadequado ou a aplicação por profissionais não habilitados pode resultar em complicações graves.
O alerta reforça a importância de seguir as orientações de segurança, como escolher profissionais qualificados e utilizar produtos aprovados pela Anvisa, a fim de evitar efeitos adversos à saúde.
O que é a toxina botulínica?
A toxina botulínica é uma neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Quando injetada em quantidades extremamente pequenas em músculos faciais específicos, bloqueia seletivamente os impulsos nervosos que orientam a contração desses músculos, promovendo o relaxamento localizado. Dessa forma, a toxina atua sobre a musculatura subjacente às linhas indesejadas, suavizando-as.
O tratamento consiste na aplicação de doses mínimas nos músculos-alvo, com o objetivo de imobilizá-los temporariamente. A terapia é geralmente bem tolerada, rápida e requer um tempo de recuperação curto.
Entretanto, quando administrada em grandes quantidades por via oral, a toxina pode bloquear os sinais nervosos entre o cérebro e os músculos, resultando em paralisia generalizada, conhecida como botulismo.
De acordo com o farmacêutico Mike Santos, o uso da toxina (botox) em casos estéticos deve ser feito em pequenas doses: “O uso máximo recomendável é de 200 unidades, para tratamento de deformidade do pé, como o ‘pé equino’. Mas, geralmente, são doses muito baixas, com 4 unidades, em média, de aplicação, chegando de 2,5 unidades a 5 unidades, dependendo do caso.”
Botulismo
O botulismo é uma doença neuroparalítica rara e grave, causada pelo envenenamento pelas toxinas produzidas pela bactéria Clostridium botulinum. É uma condição não contagiosa que pode ser fatal e exige atendimento médico emergencial. Os principais sintomas incluem dificuldade para engolir, falar e fraqueza facial. Nos casos mais graves, pode evoluir para paralisia muscular e até morte.
O tratamento envolve a administração de antitoxina botulínica e suporte respiratório. A aplicação rápida da antitoxina é fundamental para neutralizar a toxina no corpo, prevenindo danos adicionais, embora não reverta os efeitos já causados. O suporte respiratório é necessário em casos onde os músculos responsáveis pela respiração são afetados.
Recomendações
No alerta divulgado, a Anvisa solicitou aos responsáveis pelo registro de medicamentos contendo toxina botulínica que incluam em suas bulas o risco de botulismo. A agência também tem incentivado a notificação de eventos adversos por meio do sistema VigiMed. Além disso, a Anvisa, junto às secretarias de saúde estaduais e municipais, tem realizado o monitoramento constante dos casos registrados.
As principais recomendações de uso são:
- A toxina botulínica deve ser administrada somente para as indicações e nas doses aprovadas em bula pela Anvisa, e apenas por profissionais habilitados em serviços de saúde.
- Não devem ser utilizados medicamentos sem registro na Anvisa ou com suspeita de falsificação, pois podem não conter o princípio ativo descrito e apresentar maiores riscos ao paciente. Além disso, a aplicação em desacordo com a bula aumenta o risco de eventos adversos.
- A suspeita de eventos adversos relacionados ao uso de toxina botulínica, bem como de quaisquer medicamentos, deve ser notificada no sistema VigiMed.
Profissional consultado: Mike Santos, farmacêutico
Texto por: Fabricio Colli | Redação Saúde Minuto