Bisfenol A (BPA): O que é?
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- Redação Saúde Minuto
- 14/09/2023
- Saúde
O bisfenol-A, ou BPA, é um composto orgânico sintético usado na produção de policarbonato, um tipo de resina usada na produção da maioria dos plásticos, por sua vez, muito utilizados na fabricação de garrafas plásticas, copos e principalmente, mamadeiras. O BPA resulta da reação de condensação do fenol com a acetona e sua produção mundial em 2022 foi estimada em 10 milhões de toneladas.
O BPA também está presente na resina epóxi, utilizada na fabricação de revestimento interno de latas que acondicionam alimentos para evitar a ferrugem e prevenir a contaminação externa. Destaque-se que, desde 2011, está proibida a fabricação e comercialização de mamadeiras plásticas com bisfenol-A no Brasil.
Essa decisão foi tomada com base em estudos que mostraram que o BPA oferece diversos riscos à saúde, como afetar o desenvolvimento, o sistema imunológico e que possa causar câncer em crianças pequenas. Crianças de 0 a 12 meses são as maiores vítimas potenciais, porque, no primeiro ano de vida, o organismo delas ainda não é capaz de eliminar a substância.
Ainda, o calor facilita a liberação do BPA. Ou seja, quando a mamadeira é aquecida ou quando colocamos algo quente dentro delas, o produto é liberado em maior quantidade. Além disso, a estrutura química dessa substância, quando ingerida, se assemelha ao estrogênio, hormônio feminino, o que, por exemplo, pode antecipar a puberdade em meninas que foram expostas.
Fora o Brasil, diversos países já proibiram seu uso, entre eles Canadá, Costa Rica, alguns estados americanos e toda a União Europeia. Entretanto, é possível encontrar mamadeiras importadas contendo BPA, principalmente, na internet, sem que esse fato seja informado pelo fabricante.
Por isso, é importante identificar na embalagem ou na composição do recipiente plástico a expressão “BPA free” como garantia de compra sem riscos. As alternativas são as mamadeiras de vidro e as de polipropileno.
Para detalhar mais os riscos do BPA à saúde das crianças, lembramos que ele é chamado de disruptor (desregulador) endócrino, ou seja, pode interferir com o sistema hormonal do organismo, o que é particularmente preocupante em bebês e crianças pequenas, cujos sistemas hormonais ainda estão em desenvolvimento. A exposição ao BPA pode afetar o desenvolvimento normal do estrogênio e da testosterona, que desempenham papéis críticos no crescimento e no desenvolvimento.
Além disso, estudos em animais sugerem que a exposição ao bisfenol-A pode afetar o desenvolvimento do sistema nervoso e estar associada a problemas comportamentais e de aprendizado. Daí a grande preocupação de que a exposição ao BPA possa contribuir para problemas de desenvolvimento neurológico em bebês e crianças.
Outras pesquisas em animais apontaram que a exposição ao BPA durante a gravidez também oferece riscos, uma vez que o produto pode atravessar a chamada barreira placentária e, além de aumentar os riscos de parto prematuro, pode afetar o desenvolvimento fetal, com maior risco de problemas de saúde em longo prazo, como, por exemplo, a asma.
A literatura científica aponta grandes chances de associação entre ingestão de BPA e ocorrência de várias enfermidades, entre outras, obesidade, hipertensão arterial, diabetes tipo 2, cardiopatias, deficiências imunológicas, disfunções da glândula tireoide, distúrbios neurológicos, só para citar algumas.
Finalmente, reforçamos a mensagem básica de que as mamadeiras de plástico que contêm BPA podem liberar pequenas quantidades do composto no líquido que está sendo armazenado nelas, especialmente quando expostas a calor, luz solar ou desgaste. E esses resíduos serão ingeridos por bebês e crianças pequenas ao se alimentarem…
Texto por: Dr. Corintio Mariani Neto – Médico Obstetra e Ginecologista