Por que alguns sons, como o de unhas no quadro, causam incômodo?
- Fabricio Colli
- 31/01/2025
- Saúde
Alguns sons podem despertar em uma sensação de “aflição” como se causassem arrepios imediatamente ao escutarmos. O barulho de giz riscado em uma lousa, unhas arranhando superfícies ásperas como um quadro ou isopor, ou garfo raspando no fundo do prato, todos esses sons podem causar um certo incômodo em algumas pessoas, mas por que isso acontece?
A explicação desse fato se baseia na frequência desses sons, a qual é entre 2000 e 5000 Hz, e as quais o cérebro tem uma recepção mais sensível e detecta essa sensação de incômodo. Esses sons aversivos provocam em nós um reflexo automático, como se estivéssemos ouvindo um som de advertência.
Esse incômodo pode ocorrer por conta da relação direta entre o cérebro e a amígdala, estimulando o córtex auditivo, região do cérebro responsável por processar sons. Além disso, a amígdala também é acessada, por ser responsável por processar emoções negativas. Essas duas partes do cérebro se comunicam quando detectam sons com essas frequências.
Um artigo divulgado pela International OCD Foundation revela respostas na amígdala e no córtex auditivo a sons aversivos, percebidas por ressonância magnética. Através desse estudo, foi esclarecido que a amígdala codifica tanto as características acústicas de um estímulo quanto sua valência (desagradabilidade percebida). Essa reação estimula uma interação entre as duas áreas do cérebro, uma envolvida na audição e outra nas emoções.
Para os sons que influem em maior sensibilidade, os mais “irritantes”, há atividades mais intensas entre as áreas do cérebro ligadas ao controle das emoções (a amígdala) e o córtex auditivo, que processa o som.
Os principais sintomas dessa reação são os arrepios. Segundo Dr.ᵃ Ana Carolina de Freitas Ferreira, neurologista, esses arrepios resultam de uma região do encéfalo, o hipotálamo, e que vai intermediar a liberação de adrenalina no nosso corpo.
Essa liberação de adrenalina perpetuam do reconhecimento de que aquilo é uma situação de alerta ou de ameaça. Com essa descarga adrenérgica estimuladas pelos sons com frequências que geram maior sensibilidade, o corpo reage se arrepiando.
A sensibilidade a esses barulhos pode ser maior em pessoas com TOC, ansiedade e Síndrome de Tourette, devido a um possível quadro de hiperresponsividade sensorial (SOR).
Fontes consultadas: Dr.ᵃ Ana Carolina de Freitas Ferreira, vice-coordenadora do Departamento Científico de Neurologia Geral, da Academia Brasileira de Neurologia / International OCD Foundation
Texto por: Fabricio Colli | Redação Saúde Minuto | Editado por: Rafaela Navarro