Tratamento para hipertensão tem duração indeterminada e exige compromisso
- Redação Saúde Minuto
- 20/05/2021
- Otavio Eboli Saúde
E com ou sem a presença de sintomas é necessário manter uma rotina de prevenção à doença
Estamos no final da “Semana de Atenção à Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)”, cuja mobilização é tradicionalmente promovida por médicos e Sociedades de Especialidades Médicas, especialmente aquelas ligadas à Cardiologia e Nefrologia. Outras especialidades como a de Cirurgia Vascular, Cirurgia Cardíaca, Neurocirurgia e Neurologia também lidam com as complicações da doença diariamente.
Neste momento, todos fazem o papel de educadores sobre os sintomas, sequelas e reabilitação da HAS. Além do exercício de suas especialidades, tais profissionais se dedicam à Educação em Saúde, voltada à população em geral, papel de crucial importância, irresponsavelmente esquecido pelo poder público.
A hipertensão se encontra na raiz das mais importantes doenças responsáveis pelos maiores volumes de mortes precoces, sequelas graves e queda importante na qualidade de vida da população. Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs), infartos do miocárdio, insuficiência renal, doenças da aorta, entre outras, todos esses exemplos têm como fator de risco a pressão alta.
Sei que corro o risco de ser repetitivo nessa contextualização, mas tal fato é intencional, pois merece ser exaustivamente divulgado para motivar a consciência adequada sobre a magnitude da questão abordada, assim como a possibilidade de redução significativa de seu impacto entre os acometidos e suas famílias.
O foco do presente texto é o tratamento da HAS, tarefa menos simples do que pode parecer para alguns.
Vamos supor que o diagnóstico da HAS, assim como suas consequências do período em que esta não vinha sendo tratada, está bem estabelecido.
A partir disso, o indivíduo deve se convencer de que é um tratamento de duração indeterminada. Checagens de rotina com consultas médicas periódicas e de recursos tanto farmacológicos, quanto não farmacológicos, devem ser introduzidas e adaptadas conforme a necessidade, sendo alteradas sempre que for necessário.
O tratamento (nem que seja com as medidas de Pressão Arterial (PA) de tempos em tempos), deve ser incorporado como uma rotina, INDEPENDENTE DA PRESENÇA OU NÃO DE SINTOMAS, outro fator que se associa muito com a interrupção do tratamento.
É aqui que entram também as diversas modalidades da chamada automedicação, fato muito comum em nosso meio. O paciente adota parte do tratamento, altera a dose sem o aval do médico que acompanha, “economiza” os medicamentos e tipos prescritos na receita ou troca tipos de medicação por conta própria.
O paciente só “ancora” o tratamento nos remédios quando acha que precisa. Além disso, ele esquece a parte NÃO-FARMACOLÓGICA: alimentação adequada, controle do peso, atividade física e técnicas de controle da sobrecarga emocional, importantíssimas no tratamento da HAS.
Tais práticas reduzem comprovadamente a necessidade de medicações, com todos os seus inconvenientes, e devem ser utilizadas de forma criteriosa, de acordo com o momento e a necessidade do paciente, com a orientação de um médico.
A automedicação é um comportamento de risco que pode levar à necessidade de múltiplas internações, coloca a vida do paciente em perigo e reduz sua qualidade de vida.
Por último, existem os que não se tratam, pois “não sentem nada”, e sempre tiveram medidas de pressão arterial normais, sendo que muitas vezes a última medida foi feita há cerca de trinta anos e com vinte quilos a menos.
Anote! O tratamento da HAS não deve ser feito com base na presença ou não de sintomas.
Encerro aqui este breve artigo extraído, principalmente, de minha vivência ininterrupta de atendimento em consultório de Cardiologia por mais de 25 anos, tendo, no início, o privilégio de ser assistente nos consultórios de grandes mestres como o inesquecível Dr. Adib D. Jatene, Dr. Eduardo Souza, Dra. Amanda Souza e Dr. Leopoldo Piegas.
Otavio Eboli
Cardiologista Intervencionista