Dia Mundial de Luta Contra Hepatites Virais
- Redação Saúde Minuto
- 28/07/2022
- Adelino de Melo Infectologista
A hepatite é um termo genérico utilizado para designar um acometimento inflamatório do fígado, podendo apresentar diversas etiologias. A mais frequente é a hepatite viral, entretanto a doença também pode ser ocasionada pelo uso excessivo e indiscriminado de algumas substâncias tóxicas como bebidas alcoólicas (hepatite alcoólica), drogas e determinados medicamentos (hepatite medicamentosa) ou ter como causa algumas doenças autoimunes (hepatite autoimune).
As hepatites virais são provocadas por diferentes microrganismos que têm em comum o fato de causarem dano ao fígado. As “hepatites virais” são causadas pelos vírus A, B, C, D e E. Na maioria das vezes são infecções silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas. Entretanto, quando presentes, elas podem se manifestar como: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
As infecções causadas pelos vírus das hepatites B ou C frequentemente se tornam crônicas. Contudo, por nem sempre apresentarem sintomas, grande parte das pessoas desconhecem ter a infecção. Isso faz com que a doença possa evoluir por décadas sem o devido diagnóstico. O avanço da infecção compromete o fígado, sendo causa de fibrose avançada ou de cirrose, que podem levar ao desenvolvimento de câncer e à necessidade de transplante do órgão.
Entre os anos de 1999 a 2020 foram notificados 689.933 casos de hepatites virais no Brasil de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), sendo 24,4% referente aos casos de hepatite A, 36,9% referente aos de hepatite B, 38,1% referente aos de hepatite C e 0,6% aos de hepatite D. Por apresentarem um alto índice de prevalência, incidência e mortalidade, as hepatites virais configuram um preocupante problema de saúde pública no Brasil.
O impacto dessas infecções acarreta aproximadamente 1,4 milhões de mortes anualmente no mundo, seja por infecção aguda, câncer hepático ou cirrose associada às hepatites. A taxa de mortalidade da hepatite C, por exemplo, pode ser comparada às do HIV e da tuberculose.
Por apresentarem diferentes causas, para prevenir o contágio da doença, têm-se algumas medidas genéricas, tais como: evitar hábitos alcoólicos, condições de higiene e saneamento básico adequado, não ingerir produtos de origem duvidosa, vacinar-se contra a hepatite A e B, usar preservativo em relações sexuais, não partilhar agulhas/lâminas ou qualquer objeto que possa estar contaminado com sangue além de evitar automedicação.
O diagnóstico da hepatite é feito pelo médico por meio da história clínica, dos sinais e sintomas apresentados e da realização de exames complementares de diagnóstico como a dosagem das transaminases hepáticas, avaliação da presença dos agentes infecciosos por meio de sorologias, ecografia abdominal, ressonância magnética e ainda biópsia hepática. O diagnóstico precoce e que consiga distinguir qual a causa da hepatite é de extrema importância na definição do tratamento a fim de preservar a saúde e a qualidade de vida do paciente, bem como minimizar o risco de evolução para quadros graves como cirrose hepática e câncer de fígado.
Texto por Dr. Adelino de Melo | Infectologista