Novembro dourado: câncer infantil é a doença que mais mata jovens no Brasil
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- Francisco Varkala
- 25/11/2024
- Saúde Saúde infantil
Dra. Bruna de Paula, pediatra, explica que o diagnóstico precoce associado ao tratamento especializado é ferramenta essencial para aumentar as chances de cura e melhorar a qualidade de vida das crianças e adolescentes afetados
O câncer é a principal causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos no Brasil. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), para cada ano do triênio 2023-2025, surgirão aproximadamente 7.930 novos casos de câncer entre crianças e adolescentes no país. Para conscientizar e prevenir a doença, o dia 23 de novembro é celebrado como o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil, em conjunto com a campanha Novembro Dourado.
A pediatra Dra. Bruna de Paula destaca a importância do diagnóstico precoce, que pode resultar em até 80% de chances de cura. “Apesar do alto índice de mortalidade, cerca de 80% das crianças e adolescentes acometidos pela doença podem ser curados se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados, disponíveis em todo o Brasil, de forma integral e gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, explica a médica.
O diagnóstico precoce é fundamental e pode ser alcançado através da busca por atendimento médico ao notar os primeiros sinais de doença. A pediatra Bruna de Paula alerta para alguns sintomas que podem indicar a presença de um câncer infantil, como febre persistente, dor óssea, palidez, perda de peso, manchas roxas, aumento do volume abdominal, dificuldade para engolir, dor de cabeça, visão turva, e a aparição de massas ou nódulos no corpo. “É importante ressaltar que nem todos os cânceres infantis apresentam sintomas e muitos deles podem ser confundidos com outras doenças mais comuns”, frisa a pediatra.
A causa do câncer infantil, geralmente, é desconhecida. Diferente do câncer em adultos, onde fatores ambientais ou estilo de vida como tabagismo e alimentação inadequada são frequentemente associados, as causas do câncer infantil são mais complexas e envolvem diversos fatores, muitos deles ainda não totalmente compreendidos. “Uma parcela dos casos de câncer infantil está relacionada a alterações genéticas herdadas ou adquiridas durante o desenvolvimento embrionário. Embora a influência ambiental seja menor em comparação com o câncer adulto, alguns fatores ambientais, como a exposição à radiação ionizante ou a determinados agentes químicos, podem aumentar o risco em alguns casos”, esclarece a Dra. Bruna de Paula.
O tratamento do câncer infantil é um processo complexo que envolve uma equipe multidisciplinar de especialistas e é personalizado para cada paciente, levando em consideração o tipo de tumor, o estágio da doença, a idade da criança e suas características individuais. Os principais tipos de tratamento incluem quimioterapia, radioterapia, cirurgia para retirada do tumor, transplante de medula óssea, imunoterapia e terapia-alvo. “O tempo de tratamento depende da doença diagnosticada e do estágio da doença no momento do diagnóstico. Quanto mais cedo o câncer for descoberto, mais rápido o tratamento pode ser iniciado”, destaca a pediatra.
Os principais tipos de câncer infantil incluem: leucemias, que representam cerca de um terço de todos os casos e se originam na medula óssea; tumores do Sistema Nervoso Central, como os cerebrais e da medula espinhal; linfomas e neuroblastomas. Além deles, são outros das mais frequentes aparições: o tumor de Wilms, um câncer renal que ocorre principalmente em crianças pequenas; o retinoblastoma, tumor que se desenvolve na retina; o osteossarcoma, câncer ósseo mais frequente em adolescentes; e os sarcomas, originados em tecidos moles.
Os sintomas do câncer infantil muitas vezes são parecidos com os de doenças comuns entre as crianças. Por isso, consultas frequentes ao pediatra são fundamentais. São esses profissionais que podem identificar os primeiros sinais de câncer e encaminhar a criança para investigação diagnóstica e tratamento especializado. Os sintomas que, caso persistam, precisam ser investigados por profissionais de saúde o mais breve possível.
São eles: palidez; hematomas ou sangramento; dor óssea; caroços ou inchaços, principalmente aqueles indolores e sem febre; perda de peso inexplicada, tosse persistente; sudorese noturna e falta de ar; alterações nos olhos, como estrabismo ou manchas brancas, o famoso “olho de gato”; inchaço abdominal; dores de cabeça persistentes ou graves; vômitos pela manhã com piora ao longo do dia; dor em membros e inchaço sem traumas.
Profissional consultada: Dra. Bruna de Paula, pediatra.
Texto por: Francisco Varkala | Redação Saúde Minuto