Como calcular o peso da mochila do seu filho?
- Redação Saúde Minuto
- 20/07/2023
- Ortopedia Pediatria Saúde
Quando o assunto é mochila, as crianças e adolescentes pensam logo nas cores, personagens e marcas prediletas. Já os pais, se preocupam principalmente, com a saúde dos pequenos e no que o excesso de peso pode acarretar para o futuro dos seus filhos.
A Sociedade Brasileira de Ortopedia, SBOT, conjuntamente com a Sociedade Brasileira de Coluna(SBC) e Ortopedia Pediátrica(SBOP) vem desenvolvendo campanhas interessantes, ao longo dos anos. Essas têm como objetivo conscientizar a sociedade, quanto aos cuidados e perigos das mochilas pesadas, frente ao esqueleto imaturo. Dores axiais, contraturas musculares, má postura e deformidades angulares podem surgir, a partir de um cenário de sobrecarga da coluna e articulações.
Mas como calcular o peso ideal? Isto realmente existe? A mochila, somando o peso bruto mais o material escolar, não deve ultrapassar 10% do peso corporal do infante. Logo, uma criança de 40 quilos, deve carregar 4 quilos no máximo. Quando este valor não puder ser respeitado, as mochilas com rodinhas surgem como opção, sendo que o puxador deve ficar na altura do quadril e num ângulo de 30 graus em relação ao braço do condutor.
Ainda em relação as mochilas, sempre utilizar as duas alças bem ajustadas, rente ao corpo e almofadadas de preferência, para evitar pontos de pressão desnecessários. As tiras abdominais permitem maior fixação e estabilidade para o conjunto, que deve ir dos ombros até 5cm acima da linha da cintura.
Vale ressaltar que os materiais mais pesados devem ficar no fundo da mochila e mais próximos ao corpo e os mais leves, nos bolsos externos, desta forma temos um melhor equilíbrio do peso durante o deslocamento. Sempre que possível, transportar apenas o material de uso diário e caso seja disponibilizado pela escola, espaços para armazenar os objetos ajudam na saúde osteoarticular dos escolares.
A avaliação do sistema osteomuscular deve ser feita periodicamente pelo ortopedista, desde a infância, sendo que a coluna deve ser acompanhada clinicamente. Quando surge a suspeita de uma má formação ou deformidade progressiva, como a escoliose, exames de imagem, como radiografias ou ressonâncias podem ser solicitados. Os pais devem sempre estar atentos as queixas dos filhos, não menosprezar quadros de dor, mesmo que leves e que durem mais de 1 mês ou que venham associadas a mudança de hábitos diários.
A mochila pode ser um fator agravante, mas a saúde da coluna depende de cuidados como: estímulo a prática diária de exercícios, próprios para cada faixa etária; alimentação saudável, com menos açúcar e alimentos ultra processados; vigilância quanto a postura, não apenas na escola mas em casa, onde nossos jovens dispendem longos períodos em contato com os eletrônicos. 60 a 80% da população já apresentou pelo um episódio de dor lombar ao longo da vida ou vai apresentar e 10 a 30% da população mundial tem dor crônica, que impactam na qualidade de vida e capacidade laboral.
Texto por: Dra. Simone Martinelli – Médica Ortopedista em Coluna e Dor, Membro do Comitê de Dor da SBOT