Especial tabaco: os malefícios do cigarro eletrônico
- Redação Saúde Minuto
- 10/08/2023
- Otavio Eboli Saúde
No mundo todo, principalmente nos países mais ricos, o uso do Vape já se tornou um problema de saúde pública. O isolamento causado pela pandemia contribuiu com essa rápida ascensão.
Em nosso país com a proibição da importação e do comércio, e o custo relativamente elevado, a disseminação do uso, ainda não ocorreu de forma tão abrangente. Por outro lado, os aditivos utilizados são muito mais tóxicos, contendo, inclusive cerca de 80 substâncias reconhecidamente cancerígenas e outras capazes de desenvolver seria doenças pulmonares, como asma e pneumonia. Menos nocivo, nesse aspecto, que o cigarro tradicional.
Sem mencionar a liberação otimizada da própria Nicotina, que é a verdadeira razão pela qual este aparelho existe, atingindo altas concentrações na corrente sanguínea, podendo levar a graves problemas circulatórios, até mesmo facilitando a ocorrência de Infartos do Coração.
E, voltando a questão da nicotina, que é o verdadeiro pano de fundo para que fosse arquitetado este lançamento sorrateiro, profundamente mal-intencionado, e claramente direcionado aos mais jovens:
- Suscetíveis, mal-informados pela mídia, com necessidade de pertencimento, podendo soltar baforadas de rebeldia, e convencido de que o Vape não seria tão ruim como o cigarro, mergulham nessa onda.
- Sob o pretexto da teoria (séria) da redução de danos em dependência química, acreditam que o Vape é menos pernicioso pois não libera as cerca de 2450 substâncias tóxicas que o cigarro comum produz em sua combustão…. Ledo engano pois o elemento que vai “prender” o jovem ao tabagismo por décadas, senão pelo resto da vida, é a própria nicotina, que estará sendo liberada de forma mais pura e concentrada em seus pulmões.
E, que na eventualidade de faltar o Vape, ou seus aditivos, ou mesmo dinheiro para comprá-lo, vai recorrer ao cigarro tradicional, e se acostumará pois muito mais desagradável será a sensação da abstinência nicotínica (um dos sinais da dependência), que normalmente se instala em cerca de 4 meses em 75% dos consumidores de Vape.
Ou seja, a Grande Indústria do tabaco recuou, nas últimas décadas, com uma pequena queda na venda de seu item mais lucrativo: o cigarro industrial com o fetiche da grife a ele associado. Mas já está trabalhando em sua próxima geração de usuários, e em novos métodos mais modernos e eficientes de entrega de nicotina, seu carro-chefe.
Podem ser destacados também os danos ao meio-ambiente, uma vez que o instrumental para vaporizar a solução não é biodegradável, e o fortalecimento do crime organizado que se apropria da distribuição e venda dos dispositivos, o que atualmente constitui crime…
Como em outras situações, a falta de fiscalização e educação favorecerá a disseminação.
Texto por: Dr. Otavio Eboli / Cardiologista Intervencionista