O que é circuncisão para que serve?
- Redação Saúde Minuto
- 26/07/2023
- Saúde Urologia
Circuncisão ou postectomia significa a cirurgia para retirada do prepúcio. O prepúcio é a pele que cobre a glande, popularmente conhecida como a “cabeça” do pênis.
Ter prepúcio é normal, pois todo menino nasce dessa forma. Só que ao nascimento, não é possível retrair o prepúcio para expor a glande, condição que conhecemos como fimose. Portanto, a fimose ao nascimento é também uma característica normal. Com o passar dos anos o prepúcio vai se descolando, e a fimose vai deixando de existir. Os números da literatura são muito variáveis, mas pode-se dizer em quem torno de 5 anos mais de 60% dos meninos conseguem retrair o prepúcio. Aos 17 anos, apenas 1% tem fimose.
A indicação de tratamento na infância envolve prepúcio não retrátil, com ou sem aderência ou anel fibroso na extremidade do mesmo (fimose patológica). A fimose patológica pode surgir por não liberação natural de aderências, por infecções locais de repetição ou por trauma local, através de tentativas forçadas de retração. Quanto mais jovem for o paciente, mais rápida será a recuperação, mas trata-se antes dos 3 a 5 anos apenas aqueles que apresentarem fimose patológica.
Recomenda-se incialmente o uso de agentes tópicos como a combinação de corticóides de baixa potência e enzimas, como a hialuronidase. Atualmente, a formulação disponível no mercado brasileiro é a associação de betametasona 0,2% com hialuronidase 150 UTR. O sucesso global dessas drogas é de aproximadamente 87%, mas pode variar conforme a condição local. Em casos refratários, a cirurgia está indicada.
Exercícios para retração gentil do prepúcio foram populares no passado, mas hoje não são mais indicados regularmente. A razão é que podem levar à quebra das aderências naturais entre a glande e o prepúcio e gerar cicatrizes, novas aderências e até mesmo um anel fibrótico (fimose secundária) na extremidade prepucial, principalmente em menores de cinco anos.
Alguns meninos são operados ainda nos primeiros dias de vida, principalmente por motivos religiosos ou culturais, ora em ambiente hospitalar, ou conforme o costume da família em cerimônia religiosa. Para os que defendem a cirurgia de rotina para todos os meninos, coloca-se o benefício de menor chance de adquirir algumas infecções sexualmente transmissíveis (como HIV e HPV, por exemplo), possivelmente a menor chance de desenvolver câncer de pênis, e questões relativas à higiene. A taxa de complicações da cirurgia varia entre 0,2% e 3%.
Mas não há consenso médico quanto à indicação de operar todos os meninos na infância. Em muitos países latino-americanos, europeus e asiáticos, a cirurgia não é feita costumeiramente para todos. O argumento dessa corrente de pensamento é evitar uma cirurgia (e os riscos) desnecessária, questões duvidosas sobre a sensibilidade, e conforme a população avaliada a baixa taxa das doenças potencialmente evitadas (câncer de pênis, HIV, etc) com a circuncisão. De uma forma geral, é comum seguir o modelo do pai!
Texto por: Dr. Marcos Lucon – Médico Urologista Assistente Doutor da Disciplina de Urologia do Hospital Das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP